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Arquivos 5º Congreso Latinoamericano de CVC - IberCultura Viva

03

nov
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Termina o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária

Em 03, nov 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Após oito dias de debates, feiras, rituais, cortejos, apresentações artísticas, visitas a comunidades e sítios arqueológicos, o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Comunitária Viva terminou neste sábado, 15 de outubro, com uma assembleia no Auditório Municipal de Huancayo, onde foram apresentadas as principais conclusões dos 10 círculos da palavra e as delegações do México e da Colômbia anunciaram que sediarão as próximas edições: México em 2024, Colômbia em 2026.

Outro acordo que saiu da assembleia foi nomear como “Equipe de Acompanhamento Continental” o grupo que reúne porta-vozes dos processos nacionais de cultura viva comunitária (o que já foi chamado de Conselho Latino-americano de CVC). 

Ao passar o bastão para a delegação mexicana, o Grupo Impulsor do 5º Congresso convidou ao palco um representante de cada país que havia realizado o congresso anteriormente (Bolívia, El Salvador, Equador e Argentina) para encerrar o encontro em clima festivo (“Viva! Viva a cultura viva para a América Latina!), com a alegria que é habitual neste movimento continental que completa 10 anos em 2023.

O 5º Congresso Latino-americano de CVC foi realizado de forma itinerante, de 8 a 15 de outubro, com atividades em Lima (Lima Centro e nos distritos de Ate e San Juan de Lurigancho) e Junín (Huancayo), sob o lema “Tecendo esperança e solidariedade para o bem viver”. Das 580 pessoas inscritas, cerca de 450 participaram da caravana que partiu de Lima com destino a Huancayo, em uma viagem de mais de 8 horas.

Diferentemente das edições anteriores, em que o IberCultura Viva participou do congresso com uma programação paralela, com reuniões do Conselho Intergovernamental e Encontros de Redes, este ano o programa esteve presente numa série de atividades, desde a abertura do evento, no Ministério da Cultura, até o fechamento, no Auditório Municipal de Huancayo.

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29

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Representantes da Rede de Cidades e Governos Locais apresentam iniciativas desenvolvidas em seus municípios

Em 29, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

No segundo dia dedicado ao Laboratório “Direitos Culturais e Cultura Viva” no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em 12 de outubro, a jornada começou com apresentações de cinco representantes da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais no Parque Cívico de Santa Clara, no distrito de Ate (Lima). Carola González falou em nome da Prefeitura de Marcos Juárez (Argentina); Tania Alvarez por Alajuelita (Costa Rica); Alexandre Santini por Niterói (Brasil); Luisa Velásquez por Guadalajara (México) e Fabíola Figueroa por Lima (Peru).

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MARCOS JUÁREZ, ARGENTINA

Carola González, coordenadora de Cultura Comunitária da Municipalidade de Marcos Juárez, comentou como esta cidade de 30 mil habitantes, localizada no leste da província de Córdoba, tornou-se mais democrática e inclusiva após a criação do programa municipal de Cultura Comunitária, há oito anos. Hoje o programa conta com mais de 100 oficinas (artísticas, esportivas, educativas, comerciais), abertas e gratuitas, oferecidas em 21 pontos da cidade, beneficiando aproximadamente 4 mil pessoas. 

“Em 2014, com a mudança de administração, a Direção de Cultura propôs a área de Cultura Comunitária. Esse programa foi criado por uma decisão política do prefeito, de integrar a cidade de todas as áreas, e com o propósito de descentralizar a cultura para liderar processos de mudança”, disse. “Essas intervenções governamentais foram satisfazendo as necessidades da população para obter um tipo de ordem e transformação social, e hoje temos uma cidade mais democrática, mais justa, mais inclusiva, mais igualitária, com direitos, com identidade cultural”. 

Segundo ela, como o município não tinha tantos centros comunitários para levar o programa a 21 pontos da cidade, foram feitos acordos institucionais para que todos tivessem acesso gratuito a bens e serviços culturais. “A participação nestas oficinas culturais e desportivas, inclusivas e de ofícios fortalece o ser individual e social e garante os direitos das crianças, dos jovens, dos adultos e dos idosos”, sublinhou, destacando que nas reuniões de bairro todos pediram a continuação do programa.

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ALAJUELITA, COSTA RICA

Tania Alvarez, gestora sociocultural, representante de Alajuelita na Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, falou sobre a política cultural comunitária que está sendo implementada no cantão. “Este é um processo de mais de sete anos para que a comunidade tenha uma forma mais participativa e mais válida de fazer as coisas em nosso cantão”, disse. A primeira parte desse processo, iniciado em 2015, foi dedicada à consulta e análise, com base na Política Nacional de Direitos Culturais da Costa Rica. 

“Com base nessa análise, cocriamos uma minuta, um documento que serviu como uma importante ferramenta para que as comunidades exercessem seus direitos culturais. Também passamos por uma fase de validação, voltamos ao documento, fomos aos distritos, às comunidades, e perguntamos se o que tinha surgido era algo que lhes interessava. Concluída esta etapa, fomos à Câmara Municipal e pedimos que aprovassem o nosso documento, e assim foi. Além disso, contamos com um orçamento e uma regulamentação completa gerada pela comunidade”. 

A Política Cultural de Alajuelita, aprovada como lei em outubro de 2019, tem quatro eixos: 1) Fortalecimento da organização comunitária na cultura; 2) Fortalecimento do quadro institucional para o desenvolvimento cultural; 3) Dinamização da economia criativa; 4) Proteção do patrimônio de Alajuelita. “Para que isso seja possível, foram criados mecanismos como uma rede de gestores culturais, uma rede de animação sociocultural, núcleos de ação cultural comunitária em todos os bairros e orçamentos que podem ser executados pela comunidade”, explicou. “Acreditamos que é uma nova forma de participar, de exercer os direitos culturais. Uma forma que não é de validação, mas de compromisso, de caminho, de cocriação”.

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NITERÓI, BRASIL

Alexandre Santini, secretário das Culturas de Niterói (Rio de Janeiro), disse que vem do Movimento de Cultura Viva Comunitária, vinculado a um Ponto de Cultura no Brasil desde 2005, e que daí vem sua trajetória de compromisso com os processos culturais comunitários. Além de mencionar sua participação na gestão do programa nacional Cultura Viva (em 2015-2016 ele foi diretor de Cidadania e Diversidade Cultural do então Ministério da Cultura), destacou o processo de incidência para a aprovação da Lei de Cultura Viva no Brasil.

“Muitos de nós, em algum momento, estaremos ocupando funções públicas ou não. Podemos estar nas organizações, nos territórios, mas devemos ter esse espaço de diálogo, de ponte, de intersecção. A proposta aqui é fazer isso”, comentou, referindo-se à ideia de reunir representantes de governos e organizações culturais comunitárias para construir coletivamente um novo ciclo de formação vinculado ao IberCultura Viva. 

Comentando o trabalho realizado para a construção e fortalecimento dos direitos culturais e políticas culturais de base comunitária , Santini destacou a presença da delegação de Niterói, com sete pessoas, que a Rede Municipal de Pontos de Cultura teve a oportunidade de contar no 5ª Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. “Hoje temos um cenário de retração da Política Nacional de Cultura Viva no Brasil, mas na cidade de Niterói conseguimos manter e sustentar o programa Pontos de Cultura com recursos próprios. Temos também a Lei Municipal de Cultura Viva, e este é um trabalho intersetorial porque estamos falando de governos, organizações e legisladores”, afirmou.

Segundo ele, é fundamental que as organizações tenham essa influência, essa capacidade de diálogo com o Legislativo, com as Câmaras Municipais, as Assembleias, os deputados e senadores. “De fato, o que sustenta as políticas é incidir também na criação da legislação, porque os governos do dia passam, nós como funcionários também vamos passar. O que tem que ficar são as políticas, de forma estruturante, e a organização autônoma do movimento”. Em Niterói, os Pontos de Cultura estão organizados em um fórum próprio, que tem sua dimensão de autonomia. 

O secretário encerrou seu discurso falando sobre a Carta dos Direitos Culturais de Niterói, experiência desenvolvida no âmbito da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, inspirada no processo de construção participativa da Carta da Cidade de San Luis Potosí pelos Direitos Culturais, no México. Para a elaboração da Carta de Niterói, foram realizadas 21 reuniões com sociedade civil, instituições e governo. Durante os seis meses de discussões, mais de 800 pessoas participaram desse processo. As mais de 200 propostas recebidas se materializaram em seis capítulos do documento final, lançado em novembro de 2021. 

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GUADALAJARA, MÉXICO

Luisa Velásquez, coordenadora de Cultura Comunitária da Direção de Cultura de Guadalajara, contou que em março deste ano teve início a construção do programa de Pontos de Cultura da cidade. “Assim como a rede do movimento tem me trazido muito aprendizado a partir da cultura comunitária, a Rede de Cidades e Governos Locais tem sido um espaço de grande articulação, de muito aprendizado, pelo menos para mim, que não venho da administração pública, mas de uma organização social”, observou a gestora, que foi uma dos criadoras de um centro cultural comunitário em Guadalajara e também foi representante do município de Zapopan na Rede de Cidades.

Com o programa Pontos de Cultura, a Direção de Cultura de Guadalajara busca reconhecer as organizações que têm atuação territorial e são formadas por pessoas das mesmas comunidades. Também busca reconhecer os chamados “aliados”, que são aqueles agentes culturais, individuais ou coletivos, que, embora não tenham um trabalho de base, podem fortalecer e acompanhar os Pontos de Cultura. Atualmente, existem 12 Pontos de Cultura vinculados à rede local. 

Uma das linhas de trabalho que estão implementando com os grupos tem a ver com a transferência de recursos econômicos, e se inspira na experiência da Municipalidade de Lima. “Tive que ver na assembleia como as organizações definem em que são gastos os recursos, qual percentual eles têm na ordenança. Em Guadalajara, os grupos concordaram em assembleia que 82% dos recursos seriam distribuídos de forma equitativa para não terem que competir entre si. Apesar de terem menos recursos, todos receberiam”, comentou. O restante dos recursos será destinado a uma reunião municipal que acontecerá em dezembro, e quem administra esse orçamento para a gestão do encontro são os próprios Pontos de Cultura. 

Outro eixo que está sendo incorporado é a comissão de projetos (“ou seja, colocar à disposição dos Pontos os equipamentos técnicos, som, plataforma, bancadas, o que for necessário para que seus próprios projetos aconteçam em seus territórios”, detalhou) e o uso de espaços. “Encontrámos vários edifícios em desuso, vandalizados, e através da articulação com outras secretarias conseguimos que dois Pontos de Cultura que funcionavam em parques, em espaços públicos, tivessem um espaço físico. Embora este espaço seja pequeno, podem deixar uma mesa, um projetor, ter banheiros, um camarim. Isso não é apoio econômico, mas potencializa o trabalho territorial”, afirmou.

Outro tema abordado por Luisa Velásquez, em termos de cooperação internacional, foi um projeto vinculado à União Europeia que envolveu as cidades de Guadalajara e Bogotá (Colômbia) e a Espanha. A primeira etapa do intercâmbio ocorreu com a chegada de nove organizações de Bogotá para o seminário “Territorios de tejedores por la paz”, realizado em Guadalajara entre 30 de setembro e 3 de outubro. Em novembro, três Pontos de Cultura de Guadalajara estarão na Espanha e, no final do mês, representantes de 11 Pontos de Cultura de Guadalajara viajarão a Bogotá. “Estamos buscando uma forma de continuar fortalecendo esses trabalhos territoriais. Eu sei, porque vivi isso, que esses momentos de troca cultural nos enriquecem muito”, observou. 

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LIMA, PERU

Fabiola Figueroa Cárdenas, gerenta de Cultura da Municípalidade de Lima, comemorou a recente incorporação de Lima à Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais (o anúncio foi feito na abertura do 5º Congresso Latino-americano de CVC, em 8 de outubro, no Ministério da Cultura do Peru). Ao lado de Sandra Scotto, coordenadora do programa Cultura Viva Comunitária da Municipalidade de Lima, também presente na reunião, ela comentou que este programa foi implementado em 2013, por meio de uma portaria aprovada com “muita vontade legislativa” pelo conselho de vereadores.

A Ordenança nº 1.673, política pública metropolitana para a promoção e fortalecimento da Cultura Viva Comunitária na Municipalidade de Lima, estabelece quatro linhas de trabalho. Uma delas trata da convocatória de concursos anuais para projetos artísticos e comunitários, “que apoiam não só atividades artísticas, mas também atividades comunitárias de outra natureza”, como esclareceu Fabiola, citando como exemplos o trabalho com o patrimônio e/ou a defesa de direitos. 

Além disso, a portaria prevê “formação permanente em gestão cultural, fortalecimento organizacional e outros assuntos correlatos”; a facilitação de “instalações logísticas e espaços públicos administrados pela Municipalidade Metropolitano de Lima para o desenvolvimento de atividades de Cultura Viva Comunitária” e a participação em eventos de Cultura Viva Comunitária organizados pelo município.

“Nessa linha de democratização do acesso à cultura, trabalhamos sobretudo com festivais, encontros, todo o apoio logístico às organizações”, comentou a gerenta de Cultura. “Também temos um pequeno equipamento que está à disposição das organizações, com equipe técnica e um caminhão que faz a transferência, a coleta, e com  compromisso. Eu queria enfatizar isso: o bom dessa ordenança é que ela cria uma equipe dentro da gestão. Uma equipe que fica para realizar e implementar a política (mesmo com mudanças de governo). Em todos os momentos da criação e implementação da política, essa equipe esteve comprometida com a cultura viva comunitária, independentemente de o ambiente político e o contexto serem diferentes.”

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29

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2022

Em Notícias

Por IberCultura

Começam os encontros para a construção coletiva de um ciclo de formação em direitos culturais e cultura viva

Em 29, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

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Mais de 40 pessoas participaram do encontro inaugural do Ciclo de Vídeodiálogos e Laboratório “Direitos Culturais e Cultura Viva”, que se realizou em 11 de outubro no Centro Cultural de Ate (Lima), durante o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. A atividade da Comissão de Formação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais foi concebida como um espaço de construção participativa e intersetorial para imaginar coletivamente o que poderia ser um novo programa de formação e pesquisa do IberCultura Viva. Após este encontro inicial, as discussões continuarão virtualmente em novembro, com quatro sessões, uma por semana.

Federico Prieto, secretário de Gestão Cultural do Ministério da Cultura da Argentina e vice-presidente do IberCultura Viva, iniciou a sessão agradecendo a todas as pessoas presentes a disponibilidade para participar desta instância, “para criar um espaço de formação onde pessoas que participam de organizações e governos locais possam aprimorar suas habilidades técnicas, gerar espaços de diálogo, compartilhar conhecimento e divulgar as experiências realizadas para continuar fortalecendo o vínculo entre organizações e governos”.

Segundo ele, trata-se também de uma oportunidade de gerar instâncias para que outros governos saibam o que é cultura viva comunitária e políticas culturais de base comunitária. “Sim, acreditamos que um outro mundo é possível, e acreditamos no diálogo real e sincero entre organizações e governos, em busca de melhorar as condições, de garantir estruturas para que quem quiser fazer possa fazê-lo. E sobretudo manter vivos e bem desenvolvidos os conceitos que a cultura viva comunitária nos ensina o tempo todo: despatriarcalização, descolonização, bem viver, bem comum, (…) como nos relacionamos com a natureza, como indivíduo, como coletivo, e como um coletivo de coletivos”.

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Um espaço intersetorial

Alexandre Santini, secretário das Culturas de Niterói, que propôs essa atividade em nome da Comissão de Formação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, comentou que há quase um ano o grupo trabalha nessa ideia de criar um espaço de formação intersetorial, com representantes de governos locais, governos nacionais e também representantes de organizações culturais. “Não se trata de competir com nenhum dos espaços autônomos de formação ou com os espaços acadêmicos formais de formação e gestão cultural que existem, mas sim de gerar algo novo para poder trabalhar com organizações culturais comunitárias”, explicou.

A intenção, segundo Santini, é gerar algo novo também na história da política e da gestão cultural. “Esta é uma novidade que a América Latina dá ao mundo: propor um novo olhar para as políticas públicas culturais, com uma visão civilizatória dentro da cultura comunitária”, observou, ressaltando também que o que desencadeou essa proposta foi a iniciativa das cidades de San Luis Potosí (México) e Niterói de construir coletivamente, de forma participativa, suas Cartas de Direitos Culturais. 

“Estamos na vanguarda do mundo junto com Roma, Barcelona e algumas outras poucas cidades que desenvolveram suas Cartas de Direitos Culturais. Este é o ponto de partida, não o ponto de chegada. Estamos falando de direitos culturais, equidade territorial, cultura viva, para que seja possível, a partir desse diálogo, estabelecer a construção metodológica do que esse espaço de formação pode se tornar”, destacou o secretário de Culturas de Niterói. “A ideia é coletar insumos e contribuições no congresso, começar com sessões virtuais em novembro e depois avaliar coletivamente e ver que continuidade pode ser dada a essa iniciativa experimental.”

Luisa Velásquez, representante de Guadalajara (México) na Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, lembrou que a intenção é escutar, estar aberta ao diálogo. “Nos círculos da palavra ouvimos várias vezes sobre a necessidade de formação, e na Rede de Cidades vimos esta oportunidade para este ciclo de formação. Embora as linhas temáticas sejam direitos culturais e equidade territorial, e elas já estejam claras, acreditamos que é importante co-construir os conteúdos e perfis. Sabemos que dentro do movimento existem pessoas com muita experiência, com conhecimento empírico”, disse.

Gerardo Padilla, secretário técnico da Carta de Direitos Culturais Unesco-San Luis, mencionou o processo de construção participativa desse instrumento na cidade de San Luis Potosí, tentando imaginar uma sequência, uma vez que há alguma demanda por parte do movimento para espaços de formação, para capacitação, e por outro lado, a falta de um programa de formação com/para/das organizações. 

Além disso, lembrou que em julho de 2021, após três sessões de trabalho no 2º Encontro de Cultura Viva Comunitária em Cidades e Governos Locais da América Latina, realizado em Zapopan e Guadalajara (Jalisco, México), a Rede de Cidades e Governos Locais chegou à redação final do seu Estatuto de Constituição. O documento, elaborado em colaboração com os representantes dos governos locais que participaram deste encontro, detalha a organização da rede em forma de comissões de trabalho. Uma delas, a Comissão de Formação, foi a que propôs a criação deste espaço de diálogo.

“Pensamos como este espaço de trabalho poderia ser desenhado, qual deveria ser o conteúdo, para onde deveria ir, quais capacidades deveria fortalecer, qual abrangência deveria ter, os melhores formatos… algo que a rede se propôs a resolver não só pelas miradas dos governos locais, mas pela perspectiva das organizações de base. O que estamos propondo hoje é pensar juntos, lançar as primeiras perguntas para saber qual deve ser o conteúdo, e até mesmo descobrir sua relevância, porque este é um passo importante para a Rede de Cidades e o programa IberCultura Viva, e o que queremos é pensar juntos todas e todos”, destacou Padilla.

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Questões norteadoras

Uma série de questões norteadoras foi elaborada para este encontro, para começar a delinear como deve ser um novo programa de formação promovido a partir do programa IberCultura Viva. A ideia era ter um espaço de conversa em torno de pelo menos seis perguntas, começando pela identificação desse espaço de capacitação. “Que capacidades precisamos fortalecer? Quais são as ausências? Quais são as necessidades? Quais são as capacidades que, entre todas, são as que precisamos ativar, trabalhar, gerar um dispositivo que as fortaleça?”, sugeriu Padilla.

A segunda questão que se projetou tinha a ver com as deficiências, com como resolver as ausências (quais são os conteúdos, que disciplina, que oficina, que espaço de troca não deve faltar neste espaço formativo que queremos imaginar?). A terceira versava sobre os melhores formatos de trabalho (virtual? híbrido? síncrono ou assíncrono?), e a quarta dizia respeito aos dispositivos que deveriam ser incluídos em um programa de treinamento com essas características.

A quinta pergunta, sobre como devem ser os perfis, foi dividida em várias: sobre o que queremos falar? O que queremos aprender? O que queremos ver acontecer em uma comunidade de aprendizagem? Que perfis devem ser? Existe um equilíbrio entre teoria e prática, uma equidade intergeracional? Por fim, quais são as prioridades? 

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Dois dias de discussões

A conversa inicial deste ciclo incluiu as pessoas que se inscreveram para participar do laboratório por videoconferência (cerca de 15) e levou mais de uma tarde, com continuação no dia seguinte, na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária que aconteceu no Parque Cívico de Santa Clara, no distrito de Ate. Representantes de organizações culturais comunitárias, representantes de governos locais vinculados ao programa e membros do Grupo de Trabalho de Sistematização do IberCultura Viva participaram dos dois dias de discussões.

Entre os temas que os participantes mencionaram durante o encontro como importantes para essa construção coletiva estão desde acessibilidade e formação de formadores até influência política, estratégias de comunicação interna e externa, metodologias participativas, desenho de políticas públicas, monitoramento e avaliação de projetos, bem como a importância da adoção de metodologias de educação popular como ferramenta de trabalho e a necessidade de entrega de certificados de formação.

O grupo que participou virtualmente no primeiro dia de discussões trabalhou especialmente em torno de duas questões propostas: sobre as capacidades que deveriam ser fortalecidas e sobre como seria a estruturação desse espaço. Em relação à primeira questão, reforçaram a importância da capacidade decisória (“as organizações buscam mais protagonismo, mais participação”, defenderam). Também mencionaram a existência de valiosos projetos de formação, tanto de universidades como de organizações culturais, e recomendaram que isso fosse levado em consideração e que se reconhecesse que o processo não é homogêneo, que há países onde o acesso é mais fácil e outros menos.

Os participantes do debate por videoconferência também recomendaram que este projeto coloque em circulação um conjunto de conhecimentos da cultura viva comunitária e reconheça suas metodologias pedagógicas. Mencionaram também que os processos de pesquisa comunitária que não são publicados devem ser visibilizados, e que acham que não é necessário outro curso de pós-graduação, pois o IberCultura Viva já conta com o Curso de Pós-Graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária ministrado pela FLACSO-Argentina (“não duplicar os esforços que já estão sendo feitos”, recomendaram). Por fim, comentaram que esse espaço poderia ser não só de pesquisa, mas também de ação, incidência, incluindo um observatório de políticas culturais comunitárias.

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Combinando saberes

“Estamos sempre no espírito de construção coletiva, e propomos isso também nesta área de trabalho”, reforçou Diego Benhabib, coordenador do programa Pontos de Cultura na Argentina e representante do país ante o programa, ao final do primeiro dia de discussões. “Sempre há tensões, (mas a ideia é) tentar combinar o conhecimento acadêmico e o popular, reavaliar e reconhecer os saberes populares e comunitários e colocá-los no lugar que deveriam estar.” 

Como salientou Benhabib, este trabalho parte de uma proposta da Rede de Cidades e Governos Locais, que tinha um orçamento exclusivo e quis colocá-lo também à disposição do movimento e das organizações culturais comunitárias em geral, “o que é muito valioso” e demonstra a necessidade de continuar com esses mecanismos de trabalho intersetorial. “Devemos pensar que aqueles de nós que estão participando nestas áreas são militantes desta causa, e temos que continuar a construir coletivamente, para melhorar as condições para todos e todas.”

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20

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Uma mesa de compromissos: propostas e desafios dos governos para a cultura comunitária

Em 20, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Processos de incidência de organizações em diferentes instâncias dos Estados foram o tema de uma das atividades programadas para o sétimo dia do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária: a Mesa de Compromissos dos Estados. A atividade, realizada no dia 14 de outubro, no Colégio Santa Isabel, em Huancayo (Junín), contou com a participação de Flor Minici, secretária da Unidade Técnica do IberCultura Viva, e gestores culturais de dois municípios membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais: Guadalajara e Alajuelita.

Na mesa estavam Ronald Montero Bonilla, gestor cultural da Municipalidade de Alajuelita (Costa Rica); Luisa Velásquez, gestora cultural do Governo de Guadalajara (Jalisco, México), e Patricia Torres Sepúlveda, uma das coordenadoras regionais do programa Red Cultura, do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile. A moderação esteve a cargo de Pamela Otoya, integrante do Grupo Impulsor do 5º Congresso.

A ministra da Colômbia (no telão) anunciou a intenção de que o país seja a sede do 7º Congresso, em 2026

Antes do início das intervenções, a ministra de Cultura da Colômbia, Patricia Ariza Flórez, cumprimentou a plateia por videochamada. “Sei que tem gente de muitos países da América Latina, que é um evento cultural e histórico. Daqui, deste ministério, estamos trabalhando pela integração cultural da América Latina e Caribe, uma integração pela paz”, afirmou. Além de expressar seu respeito pelo movimento e por aqueles que têm promovido a cultura viva comunitária, “que vai desempenhar um papel muito importante na integração cultural”, a ministra propôs que a Colômbia sediasse o 7º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em 2026, o que foi recebido com aplausos no auditório.

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ALAJUELITA

Ao abrir a mesa de propostas e desafios dos governos para a cultura comunitária, Ronald Montero destacou que os governos locais não são nada sem a comunidade. “Não há governo local se não houver comunidade e, a partir desse princípio, o movimento de Culturas Vivas Comunitárias pode ser vinculado ao exercício dos direitos humanos culturais. Isso pode promover uma troca de conhecimento, de metodologias, do movimento para os governos locais e vice-versa”, comentou.

Montero também falou da importância de respeitar a autonomia, do movimento e dos governos locais, e de promover políticas culturais de base comunitária desde a comunidade, e não desde o marco institucional. Segundo ele, os governos locais são entidades estratégicas para dar visibilidade às ações realizadas pelas organizações nos territórios. “Essa articulação é fundamental, (e uma das propostas é) criar mesas de diálogo e mediação artística para uma abordagem respeitosa do setor, para que os governos locais possam ser promotores e não detratores do movimento. Também devemos buscar orçamentos participativos para financiar as ações do movimento, respeitando os marcos legais e jurídicos de cada instituição”, observou.

Entre os desafios, Montero destacou a responsabilidade de ambas as partes na implementação de ações que apoiem o desenvolvimento local. “Todos queremos comunidades melhores, queremos melhorar as condições de vida e trabalhamos para viver bem. Alguns desde o movimento, outros de alguma institucionalidade. Ambas as partes podem contribuir. E podemos contribuir para o desenvolvimento local como aliados, não como promotores de políticas partidárias de governo. Nem todos os gestores culturais respondem aos interesses políticos de um partido do governo. Existem programas implantados nos municípios onde a cultura é vista como mais um serviço municipal, como parte do desenvolvimento humano de um território”. 

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GUADALAJARA

Luisa Velásquez iniciou seu discurso contextualizando a complexidade da gestão local, já que Guadalajara – capital do estado de Jalisco, a segunda maior cidade do país –  é um município com cerca de 1 milhão 385 mil habitantes, mas em sua área metropolitana é constituída por mais oito municípios, autônomos e independentes, atingindo uma população estimada em mais de 5 milhões de habitantes, o que “implica uma visão metropolitana de gestão pública, de articulação intermunicipal”.

“Guadalajara é uma cidade que não tem uma regulamentação legal de direitos culturais, ao contrário de outras cidades, como a Cidade do México e San Luis Potosí, que têm uma importante legislação sobre direitos humanos na cultura”, afirmou. “Este é um dos principais desafios: conseguir construir um corpo jurídico que apoie a gestão cultural em direitos humanos com uma visão de equidade territorial. Nesta gestão temos o desafio de poder sair e deixar um instrumento legal que permita, por exemplo, que a participação do Conselho Municipal de Artes não seja disciplinar como agora. Porque há muitas vozes que não participam de uma disciplina artística, como é o caso da gestão cultural comunitária”, acrescentou.

A Coordenação de Cultura Comunitária da Diretoria de Cultura de Guadalajara implantou recentemente um programa de Pontos de Cultura com o objetivo de identificar, reconhecer, fortalecer e promover o trabalho em rede entre organizações sociais que mantêm um trabalho a partir das culturas vivas comunitárias, fortalecendo os processos de desenvolvimento individual e comunitário. “O que queremos é que tenha um corpo jurídico para que vire uma política, e não um programa que acabe quando a gente sair”, reforçou Luisa.

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CHILE

Patricia Torres Sepúlveda, por sua vez, parabenizou o movimento de Cultura Viva Comunitária pela incidência política que teve e que tem permitido avanços e transformações como as verificadas no Chile. Ao mencionar a formalização, em 2018, do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio (o Chile tinha antes um Conselho de Cultura), e com ele a criação do Departamento de Cidadania Cultural, a servidora destacou o vínculo com o compromisso latino-americano e o interesse em trabalhar com a base, com organizações culturais comunitárias. 

“Hoje, o programa Red Cultura continua mudando para ver como as organizações respondem”, afirmou, lembrando que o presidente Gabriel Boric afirmou em seu plano de governo seu desejo de criar um programa de Pontos de Cultura no Chile, “olhando para todos os países e todas as ações que realizaram na América Latina”. “Isso se consegue graças ao fato do movimento Cultura Viva Comunitária ter conseguido expressar sua demanda, ter conseguido influenciar”, enfatizou. 

Patricia Torres também destacou que no Chile querem construir o programa Pontos de Cultura desde as bases, e por isso estão realizando os “Diálogos Cidadãos”, espaços de participação e escuta onde as pessoas podem dar suas contribuições e dizer como querem que seja esse programa. Essas rodas de conversa serão realizadas nos meses de outubro e novembro em todas as regiões do país. 

Segundo ela, o desafio é continuar avançando na governança local, na mediação. “Que o movimento no Chile seja fortalecido e consiga dialogar tanto com os municípios, a governança local, quanto com o governo. Percebemos que precisamos conversar, circular e nos encontrar. O desafio é que, quando estivermos prontos, comecemos a dialogar como deve ser e possamos continuar caminhando juntos. Existe uma disposição política, existe uma disponibilidade do quadro institucional”, afirmou, referindo-se a Marianela Riquelme, chefe do Departamento de Cidadania Cultural e representante (REPPI) do Chile perante o programa IberCultura Viva, que tem se dedicado a fortalecer e tornar visíveis as políticas públicas de base comunitária. 

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IBERCULTURA VIVA

Ao tomar a palavra na mesa, Flor Minici agradeceu ao Grupo Impulsor o convite ao programa para participar do encontro. “A experiência é muito enriquecedora porque saímos com muitas demandas. Quando nós que desempenhamos um papel institucional participamos desses espaços, o fazemos de forma ética, em termos de justiça social, com a vocação de ouvir, anotar, trazer demandas e reforçar o compromisso de continuar aprofundando as políticas que ali existem e criá-las onde não existem”, afirmou.

Além dos agradecimentos, Minici mencionou a intenção de continuar com este espaço de diálogo, desde a cordialidade, o respeito, a integração, a solidariedade e a cooperação. “Entendo que é um ponto em comum que todos temos aqui, independentemente dos contrapontos que possam surgir e que é muito saudável”, afirmou, destacando também o convite que foi feito às companheiras e companheiros do Grupo de Trabalho de Sistematização e a Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, para que participassem de diferentes atividades de formação, intercâmbio e debate ao longo dos oito dias do evento.

“Acho que este congresso está em um momento dramático, não só pela desigualdade histórica que a América Latina atravessa, mas porque hoje, em 2022, os níveis de desigualdade na região aumentaram exponencialmente. Há quase 30 milhões de novos pobres na América Latina que vivem na pobreza e na extrema pobreza após a pandemia. Acredito que temos uma agenda política na qual temos que intervir porque essa fratura social que a pandemia e a desigualdade produzem em nossa região também possibilita o surgimento e o avanço de movimentos antidemocráticos, desestabilizando a democracia”, afirmou.

Segundo ela, essa discussão sobre políticas antidemocráticas e de desigualdade não é apenas uma discussão de funcionários, de ministérios, mas uma discussão da comunidade. “Não acreditamos que movimentos desestabilizadores na América Latina só ganhem eleições. Para ganhar eleições, por muitos anos eles constroem comunidade, eles entram nas nossas comunidades, eles constroem centros culturais, bibliotecas populares, eles constroem igrejas, espaços seculares, espaços que os que estão aqui disputam diariamente, colocando o corpo em suas organizações, em suas comunidades. 

Minici fez um convite em nome do programa, para que continuemos construindo aliança e articulação. “Se nós que acreditamos que a desigualdade deve ser erradicada na América Latina não nos juntamos, e não só discutindo a pobreza, mas também discutindo a riqueza e a concentração da riqueza, não conseguiremos construir. É com esse espírito que pretendemos continuar construindo parcerias e alianças entre órgãos governamentais e organizações comunitárias”, destacou.

Por fim, a secretária técnica chamou a atenção para a necessidade de alianças do movimento Cultura Viva Comunitária com outros militantes da América Latina, como os movimentos feminista, ambiental e de direitos dos povos indígenas. “Todos os movimentos populares dos próximos anos vão ter uma dura tarefa, e aí, os servidores que estão sentados aqui nesta mesa, que sabem que falta muita coisa, mas que estão participando dos debates aqui, não vamos dar como certo, porque você sabe que muitas vezes alguém bate na porta e não é atendido.”

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Confira a transmissão da mesa:

https://www.facebook.com/CongresoCVCLatAm/videos/1348278982593093

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20

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2022

Em Notícias

Por IberCultura

Célio Turino apresenta a versão em espanhol do livro “Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina” 

Em 20, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Célio Turino passou os últimos 12 anos viajando pela América Latina. Convidado a participar de conferências, conversatórios e os mais variados encontros para falar sobre Cultura Viva e Pontos de Cultura – ideia que ajudou a criar no Ministério da Cultura, onde foi secretário de Cidadania Cultural entre 2004 e 2010 –, o historiador, escritor e gestor cultural brasileiro realizou mais de 50 viagens nesse período. O convite sempre foi para falar, mas nessas visitas ele também ouviu muitas histórias, viu e sentiu os processos nas comunidades, e voltou querendo sistematizar tudo. Quem o incentivou a fazer em formato de livro foi o Papa Francisco.

No lançamento do livro “Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina” no Peru, Turino detalhou esta história: “O Papa Francisco é um grande entusiasta dos Pontos de Cultura. Ele conheceu a experiência quando ainda era arcebispo em Buenos Aires, quando organizou um programa chamado Escuelas de Vecinos. A ideia dos Pontos de Cultura era muito parecida com o que ele pensava, com o que pretendia fazer com as Escolas de Vizinhos. Em 2015 nos encontramos no Vaticano, depois tivemos outros encontros, e num desses momentos eu estava contando essas histórias e ele me disse: ‘Por que você não escreve um livro sobre a América Latina?’ Como uma sugestão de Francisco não pode ser negada, aceitei o desafio e, com o apoio de uma organização do Brasil, o Instituto Olga Kos, conseguimos fazer as viagens. Não para falar. Viajei apenas para ouvir e anotar as histórias”. 

A versão em espanhol deste livro, publicada em formato digital pela argentina RGC Ediciones com o apoio da IberCultura Viva, foi lançada na quarta-feira, 12 de outubro, na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Em uma das tendas montadas no Parque Cívico Santa Clara, no distrito de Ate (Lima), cerca de 30 pessoas se reuniram para ouvir Célio Turino em sua participação por videoconferência. Ao longo de mais de 30 minutos, ele falou sobre a experiência de escrever este livro, ouviu comentários e respondeu algumas perguntas dos participantes, que vieram de vários países, como Panamá, Chile, Argentina e Paraguai.

Célio Turino participou do lançamento por videoconferência

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A força das comunidades

Turino iniciou sua apresentação falando sobre o início do movimento, como foi decidido que o 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária teria como sede a Bolívia. Contou que tudo começou com a “Caravana pela Vida – De Copacabana a Copacabana”, que saiu do Lago Titicaca, na Bolívia, rumo à Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no final de maio de 2012. Cerca de 25 pessoas estavam neste ônibus, a maioria integrantes do Teatro Trono, fundado por Iván Nogales (1963-2019), que foram à Cúpula dos Povos da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, e fizeram uma série de apresentações ao longo do caminho. (Esta caravana foi um marco no movimento de Cultura Viva Comunitária. A bravura de seus integrantes inspirou pessoas de vários países a quererem fazer o caminho de volta, mobilizando-se para realizar o primeiro congresso na Bolívia, com a Caravana para La Paz.)

“Agora estamos no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Parabéns a todos que estão nessa empreitada autogestionada e muito potente”, comemorou o escritor, que também parabenizou a editora argentina RGC, que já havia lançado um livro de sua autoria em 2013 (Puntos de Cultura, cultura viva en movimiento). “É uma editora significativa que compila este novo fazer da gente que produz de baixo para cima, a partir da potência das comunidades”, destacou. Os dois livros de Turino lançados pela RGC em formato digital têm acesso gratuito, porque segundo o autor, o importante é lançar as ideias ao vento, “oferecer as sementes para alguém apanhar, plantar e cultivar”. “É assim que nasce a cultura viva.”

As viagens relatadas no livro foram realizadas em sua maior parte em 2017. A primeira versão dessas narrativas foi publicada em uma edição especial do Instituto Olga Kos, com o título Cultura a unir os povos: a arte do encontro. Esta edição (esgotada), em formato de livro de mesa, foi lançada em 2018 em Castel Gandolfo, o castelo de verão do Papa Francisco. A segunda versão, revisada e ampliada, saiu em 2020 pelas Edições Sesc São Paulo, com 360 páginas, e o título Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina. A publicação em espanhol que agora sai com o apoio do IberCultura Viva é uma tradução desta versão 2020 adaptada para leitura em tela, com 565 páginas.

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Capítulos extras

A edição em espanhol conta com dois capítulos extras, dedicados ao Chile e ao Paraguai. O Ministério da Cultura, das Artes e do Patrimônio do Chile convidou Turino para conhecer o trabalho de organizações culturais comunitárias de diferentes regiões do país depois que o Conselho Intergovernamental IberCultura Viva decidiu financiar a tradução do livro para o espanhol. O convite para ir ao Paraguai partiu de um Ponto de Cultura de Areguá, El Cántaro Bioescuela Popular, para uma participação na segunda edição dos Intercâmbio de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária.

O escritor contou em sua apresentação que, no caso do Chile, optou pelo tema da construção do ser coletivo a partir da experiência do país (daí o nome do capítulo: Cultura y el sujeto colectivo. Sembrando semillas en la cordillera“). As histórias do Paraguai entraram no capítulo final, “Cultura: Tiempo y espacio compartido en el vientre de Sudamérica”. Turino explicou que, assim como vê a Bolívia como “o coração da América do Sul”, vê o Paraguai como “o ventre” do continente. “É como uma ilha, mas rodeada de terra, e mais interior, como o útero, como o ventre”, comparou o autor, que partiu da ideia do ñanduti (“teia de aranha” em guarani), das rendas de fios delicados, mas também fortes, de tecelãs locais, para expressar o refinamento cultural do povo paraguaio.

Joe Giménez, fundadora do El Cántaro, esteve no lançamento da publicação na Feira de Saberes do 5º Congresso e aproveitou para agradecer mais uma vez a Célio Turino pela visita à bioescola de Areguá e por somar a experiência ao livro. “Houve um antes e depois no meu país”, disse Joe a Célio Turino. “A frase ‘Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo’ (do matemático grego Arquimedes de Siracusa, também citado por Turino no livro) ficou muito na nossa memória. Para nós, é incrível que os funcionários públicos comecem a falar de você, comecem a usar essa frase. Sua presença no Paraguai nos ajudou muito a fortalecer esse vínculo. Celebro sua existência! O Paraguai, esta terra guarani, está sempre esperando por você”.

Joe Gimenez, fundadora de El Cántaro, que levou Turino para uma visita ao Paraguai

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Agradecimento ao trabalho

Quem também agradeceu ao escritor pelo trabalho que vem desenvolvendo foi a argentina Gisela Pérez, do Centro Cultural e Biblioteca Popular La Carcova, um Ponto de Cultura localizado em um bairro popular da região metropolitana de Buenos Aires (José León Suárez, distrito de San Martín), na periferia do aterro sanitário e também de um complexo prisional. “Gostaríamos de agradecer o seu trabalho em toda a América Latina e convidá-lo a vir a San Martín e à Área da Reconquista, para visitar as bibliotecas e espaços de cuidado, as cooperativas de reciclagem. Existe toda uma rede de organizações que se unem e confiam umas nas outras, para que a partir dessa confiança possamos construir o desenvolvimento local, a boa convivência no nosso bairro. Essa comunidade produz cultura, produz economia, produz presente e futuro”, afirmou a presidenta de La Carcova, também integrante da Mesa Reconquista.

Diego Benhabib, coordenador do programa Pontos de Cultura na Argentina e representante (REPPI) do país no IberCultura Viva, reforçou sua gratidão a Célio Turino, “uma pessoa que nos inspira, não só para desenvolver e trabalhar políticas culturais de base comunitária, mas também transformar nossas percepções sobre as questões relacionadas à natureza, ao bem viver, ao poder colocar um ponto e poder modificar as coisas, com um horizonte coletivo de transformação”.

Emiliano Fuentes Firmani (D) lembrou os 4Cs da cultura: “cuidar, compartilhar, colaborar e cooperar”

Por fim, o editor Emiliano Fuentes Firmani, ex-secretário técnico do IberCultura Viva, falou em nome da RGC Ediciones, citando o que Célio Turino disse anteriormente sobre a ideia de trabalhar para lançar ideias ao vento. “O paradigma da cultura viva comunitária tem a ver com o que chamamos  de 4Cs da cultura: cuidar, compartilhar, colaborar e cooperar”, destacou, comentando o fato de o autor ter permitido que o livro estivesse aberto a todos, em acesso público, o que considera “coerente com a prática comunitária”.

Para Emiliano, a primeira parte do livro, mais teórica, deveria ser leitura obrigatória para todas as pessoas que trabalham com políticas públicas: “Célio trabalha com a matemática da vida. Originalmente, havia armado essa equação de que um ponto de cultura = autonomia + protagonismo social elevado à potência das redes. Aí ele aprofunda seu pensamento matemático, incorpora o tema de Arquimedes (que trouxe Joe Gimenez) e vai além, fazendo uma ligação entre a cultura viva comunitária e a cultura do encontro (da qual fala o Papa Francisco), para construir um novo horizonte civilizatório.  

A cultura do encontro, explicada no livro, é um conceito desenvolvido por Jorge Bergoglio, o Papa Francisco, que pressupõe o encontro das três linguagens do ser: coração, mente e mãos. Expressa-se na ideia de sentir-pensar-agir e se realiza a partir da integração e diversidade entre indivíduos e comunidades, rompendo com a fragmentação e buscando a unidade. É o estímulo para o encontro entre os diferentes, buscando a unidade na diversidade. 

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Baixe o livro gratuitamente em https://bit.ly/PorTodosLosCaminos

Leia também:

Pontos Culturais na América Latina: versão em espanhol do livro de Célio Turino sai em formato digital

Histórias escondidas: Célio Turino lança livro sobre experiências comunitárias na América Latina

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08

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Está chegando o 5º Congresso Latino-americano de CVC

Em 08, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Começa neste sábado, 8 de outubro, no Peru, o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Ao longo de 8 dias, sob o lema “Tecendo esperança e solidariedade para o bem viver”, serão realizadas mais de 50 atividades, entre debates, palestras, oficinas, assembleias, feiras, apresentações artísticas e lançamentos de livros, com o objetivo de difundir a riqueza da diversidade de expressões da cultura comunitária, bem como da importância das políticas que a promovem.

Esta quinta edição do encontro, que terá formato itinerante, será realizada de 8 a 12 de outubro nas sedes de Lima (Lima Centro, Ate-Vitarte e San Juan de Lurigancho), e de 13 a 15 de outubro em Huancayo, na região de Junín. A programação inclui espaços de diálogo e intercâmbio de saberes, elaboração de planos de trabalho, apresentações artísticas e ações de incidência pública, integradas com uma abordagem de gênero e interculturalidade. 

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Participação do IberCultura Viva 

Além de apoiar o evento com o Edital de Mobilidade, que ofereceu passagem aérea, inscrição e seguro viagem para 61 pessoas de 12 países, o programa IberCultura Viva participará da programação do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária com uma série de atividades, desde a abertura do evento, no Ministério da Cultura, até o encerramento, no sábado, 15 de outubro, no Auditório Municipal de Huancayo. 

Estarão presentes no congresso a presidente do IberCultura Viva, Esther Hernández Torres, diretora geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México, e o vice-presidente, Federico Prieto, secretário de Gestão Cultural do Ministério de Cultura da Argentina. O programa também será representado por Diego Benhabib, coordenador do programa Puntos de Cultura na Argentina, e a equipe da Unidade Técnica.

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Dois livros serão apresentados pelo IberCultura Viva na Feira de Saberes, no dia 12 de outubro, no Parque Cívico de Santa Clara, no distrito de Ate. Um deles é “Por todos los caminos: Puntos de Cultura en América Latina”, livro do escritor e historiador brasileiro Célio Turino que sai agora em formato digital, traduzido para o espanhol, com o apoio do programa. 

A outra publicação é “Redes en la Red. Relatos del 4º Encontro de Redes IberCultura Viva – Volume I”, uma compilação dos conversatórios “Gênero e cultura comunitária”, “Saúde comunitária”, “Educação popular, arte e transformação social”, que ocorreram em setembro e outubro de 2020, virtualmente. A publicação é o terceiro volume da coleção que a Alcaldía de Medellín (Colômbia) vem desenvolvendo em conjunto com o IberCultura Viva. 

Também participam do encontro representantes da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, que estarão nos Círculos da palavra (especialmente o círculo “Legislação e políticas públicas”) e agendaram atividades com organizações culturais comunitárias, apresentando experiências e boas práticas. 

Um projeto especial da Comissão de Formação da Rede de Cidades e Governos Locais também terá início no congresso: o Ciclo de Vídeodiálogos “Direitos Culturais e Cultura Viva”, desenvolvido em colaboração com a Secretaria Municipal de Culturas de Niterói. Haverá uma apresentação inaugural, no dia 11 de outubro, seguida do Laboratório “Rumo a uma Cátedra UNESCO em Direitos Culturais, Equidade Territorial e Cultura Viva”, dirigido a representantes de governos locais, organizações paraestatais e aliados dos municípios. 

Representantes do Grupo de Trabalho de Sistematização do IberCultura Viva, por sua vez, vão apoiar o 5º Congresso Latino-Americano do CVC com a sistematização de algumas atividades realizadas esta semana, entregando um documento com os resultados, articulação que foi possível com o apoio do programa.

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Sobre o congresso

O Congresso Latino-americano de Cultura de Comunidade Viva é o espaço de intercâmbio presencial do Movimento Latino-americano de CVC. Acontece a cada dois anos (este no Peru estava previsto para 2021, foi adiado devido à pandemia de Covid-19) e permite que os participantes compartilhem aprendizados de suas experiências, analisem a situação política e social da região, definam metas comuns e articular ações para influenciar políticas que fortaleçam e multipliquem as práticas de CVC e seu impacto nas comunidades.

O encontro é organizado em torno dos chamados “Círculos da palavra”, que são espaços orgânicos do Movimento Latino-americano de CVC, onde se canaliza a participação, deliberação e decisão das organizações e das pessoas que fazem parte do movimento.

Cada círculo aborda um tema, e esses temas expressam áreas do trabalho comunitário realizado pelas organizações em seus territórios. São eles: Arte e cultura para a transformação social; Legislação e políticas públicas; Comunicação; Infância e juventudes; Povos originários; Gênero e diversidades; Por outras economias; Educação popular e criativa; Direitos humanos; Saúde e bem viver.

No 5º Congresso Latino-americano de CVC, integrantes dos Círculos da Palavra realizarão diagnósticos a partir de experiências concretas; apresentarão propostas que respondam aos aspectos positivos e negativos dos diagnósticos e discutirão formas de se organizar para realizar as propostas apresentadas.

Além dos Círculos da Palavra, o evento conta com as Assembleias, que são a instância máxima de deliberação e tomada de decisões do Movimento CVC; a Feira do Conhecimento, definida como “espaço de encontro e intercâmbio de saberes, experiências e sensibilidades”, e os Roteiros Culturais, que incluem passeios para conhecer e trocar conhecimentos com organizações que atuam nos territórios. Os chamados “intercâmbios artísticos” incluem atos simbólicos, desfiles ou caravanas, além dos festivais CVC que costumam estar na programação. 

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Grupo Impulsor

O Grupo Impulsor (GI) do Congresso Latino-americano de CVC, que auto-organiza esta quinta edição do encontro, é uma rede de organizações de várias regiões do Peru e membro do Movimento Latino-americano de CVC. Esse grupo foi formado em 2019, após a plenária final do 4º Congresso Latino-americano de CVC, na Argentina, onde ficou acertado que o Peru sediaria a próxima edição. 

Confira a agenda do congresso

Perguntas frequentes

Saiba mais: https://linktr.ee/perucvc

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09

ago
2022

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Rumo ao Peru: 120 candidaturas foram consideradas habilitadas no Edital de Mobilidade 2022

Em 09, ago 2022 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

(Foto: Cultura de Red. 1º Congresso Latino-americano de CVC, Bolívia, 2013)

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Um total de 169 pessoas enviou inscrições para o Edital de Mobilidade 2022, que apoiará a participação de representantes de organizações culturais comunitárias, povos indígenas e comunidades afrodescendentes no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. O evento se realizou em formato itinerante, com sedes em Lima (Lima Centro, San Juan de Lurigancho e Ate-Vitarte) e Junín (Huancayo), de 8 a 15 de outubro.

Das 169 candidaturas enviadas à plataforma Mapa IberCultura Viva, 120 foram consideradas habilitadas. México foi o país com o maior número de postulações habilitadas (23), seguido de Argentina (21), Brasil (16), Colômbia (12), Chile (11), El Salvador (7), Paraguai (7), Peru (6), Equador (6),  Uruguai (6), Costa Rica (3) e Espanha (2). Essas pessoas seguem no processo de seleção, passando à etapa seguinte da convocatória, em que representantes do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva avaliarão as postulações conforme os critérios estabelecidos no regulamento.

As 89 pessoas com candidaturas não habilitadas na primeira lista, que foi publicada em 9 de agosto, tiveram um prazo de três dias seguidos para apresentar recursos e reverter sua condição mediante reposição dos documentos. O prazo se encerrou na sexta-feira, 12 de agosto. Quarenta recursos foram aceitos pela Unidade Técnica.

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O edital

O Edital de Mobilidade 2022 foi lançado no dia 6 de julho e permaneceu aberto até 2 de agosto na plataforma Mapa IberCultura Viva. A iniciativa conta com um montante de US$ 57.500, que serão distribuídos para a compra de passagens aéreas, seguro de viagem e inscrição para as pessoas representantes de organizações ou coletivos selecionadas. A quantidade de pessoas selecionadas dependerá do valor das passagens aéreas.

A organização do evento está a cargo do Grupo Impulsor do 5º Congresso, conformado por uma rede de organizações diversas de todo o Peru e integrante do Movimento Latino-americano de CVC. O programa IberCultura Viva não se responsabilizará pelos serviços prestados oferecidos pela organização do congresso, como hospedagem, transporte ou alimentação.

(*) Texto atualizado em 16 de agosto de 2022, após a apresentação de recursos

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Confira a lista de habilitados e não habilitados do edital:

Informação às Pessoas Interessadas II- Etapa de Habilitação – Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2022  

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Leia também:

IberCultura Viva lança o Edital de Mobilidade 2022

Informação às Pessoas Interessadas I – Etapa de Habilitação – Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2022 (lista publicada antes do prazo de recursos)

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11

jul
2022

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Rumo ao Peru: como se inscrever no Edital de Mobilidade

Em 11, jul 2022 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

(Foto: Cultura de Red. 1º Congresso Latino-americano de CVC, Bolivia, 2013)

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O Edital de Mobilidade 2022 foi lançado pelo programa IberCultura Viva no dia 6 de julho para apoiar a participação de representantes de organizações culturais comunitárias, povos indígenas e comunidades afrodescendentes no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária

O evento será realizado de maneira itinerante, com sedes em Lima (Lima Centro, San Juan de Lurigancho e Ate-Vitarte) e Junín (Huancayo), de 8 a 15 de outubro de 2022. A organização está a cargo do Grupo Impulsor do 5º Congresso, formado por uma rede de diversas organizações de todo o Peru e membro do Movimento Latino-americano CVC. 

O valor total destinado ao Edital de Mobilidade 2022 é de US$ 57.500, que serão distribuídos para compra de passagens aéreas, seguro viagem e inscrição para os/as representantes das organizações ou coletivos selecionados.

O edital estará aberto até o dia 2 de agosto, às 23h59 (considerando o horário de Brasília e Buenos Aires), na plataforma Mapa IberCultura Viva: https://mapa.iberculturaviva.org/opportunity/224 /.

Aqui está um guia para ajudar você a fazer sua inscrição.

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REQUISITOS

A quem se dirige o edital?

A convocatória é destinada a representantes de organizações culturais comunitárias e/ou povos originários e comunidades afrodescendentes (com certificado de pessoa jurídica emitido pelo órgão competente de cada país) dos países membros do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Paraguai (país convidado), Peru e Uruguai. 

Cada organização cultural comunitária, povo indígena ou comunidade afrodescendente poderá apresentar apenas um candidato, que deverá ser maior de idade e estar apto a viajar ao Peru entre 8 e 15 de outubro.  

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Sou representante de uma organização/coletivo sem certificado de pessoa jurídica. Posso participar da convocatória?

No caso de não possuir documentação legal, a organização ou comunidade indígena/afrodescendente deve apresentar uma carta aval do representante do programa IberCultura Viva no país (REPPI). No regulamento da convocatória há uma lista em anexo com os nomes dos/das REPPIs dos país membros. Cada país pode determinar os critérios pertinentes para a emissão da carta aval. 

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alguma restrição para participar do edital?

Organizações que estejam inabilitadas ou com contas pendentes no programa IberCultura Viva não podem participar. As pessoas que foram beneficiadas mais de uma vez nos Editais de Mobilidade IberCultura Viva também não podem ser selecionadas, exceto a convocatória de 2018, que teve como objetivo apoiar a participação nas Jornadas Preparatórias do 4º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária.

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Que documentos devo preencher e/ou enviar?

Além de preencher o formulário de inscrição no Mapa IberCultura Viva, informando os dados do candidato e da organização/povo indígena/comunidade afrodescendente que irá representar, é necessário fazer o upload do passaporte ou documento de identidade necessário para poder entrar no Peru e anexar um currículo do candidato. Este documento deve incluir experiência, trajetória, perfil de atuação dentro da organização cultural comunitária ou indígena/comunidade afrodescendente e em outros espaços de ação cultural, experiência em trabalho em rede, etc. 

Certificados e/ou documentos que comprovem a participação do candidato em instâncias de articulação de redes e circuitos de organizações culturais comunitárias, como os Congressos Latino-Americanos de CVC ou outras iniciativas, devem ser digitalizados e carregados na plataforma Mapa IberCultura Viva. Podem ser anexados até seis certificados por candidato.

É também obrigatório o envio de comprovante do registro legal/pessoa jurídica (CNPJ, no Brasil) e uma carta aval da organização ou coletivo que o requerente representa.

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O edital menciona três tipos de carta aval. Qual a diferença entre elas?

Todos os candidatos devem enviar uma carta aval das autoridades da organização cultural comunitária ou da comunidade indígena/afrodescendente que representam, autorizando sua inscrição e declarando sua função na organização. Um modelo está disponível na plataforma (tanto no formulário quanto na página inicial da chamada), nas versões em espanhol e português. Esta carta de endosso da organização é obrigatória.

Outro modelo de carta aval disponível na plataforma é a de rede, a ser utilizada no caso de a organização/povo indígena/comunidade afrodescendente se candidatar em nome de uma rede. Esta carta aval deve ser assinada pelas autoridades de cada uma das organizações/povos originários/comunidades afrodescendentes integrantes da rede. (As assinaturas devem ser acompanhadas do nome e sobrenome da pessoa que assina, cargo ou função dentro da organização e nome da organização/povo indígena/comunidade afrodescendente).

Nestes dois casos em que o modelo de carta aval está disponível, é necessário fazer o download do arquivo (para o Brasil, há uma versão em português), preencher os campos obrigatórios, imprimir e coletar as assinaturas dos responsáveis ​​pelo organizações. Este documento assinado deve ser escaneado ou fotografado para ser enviado junto com a ficha de inscrição (há um botão “Enviar” neste campo específico).

O terceiro tipo de carta aval que consta no regulamento do edital é a do REPPI (representante do país perante o programa), caso a organização/coletivo do candidato não possua documentação legal. Neste caso, não há modelo disponível. 

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INSCRIÇÃO

Como me inscrevo no edital para participar do congresso?

Para se inscrever nos editais do IberCultura Viva, é necessário se cadastrar primeiro como agente no Mapa IberCultura Viva: https://mapa.iberculturaviva.org/

Esta plataforma permite o registro de dois tipos de agentes: individual e coletivo. Por agentes individuais entendemos pessoas físicas, e por agentes coletivos, organizações culturais comunitárias, povos indígenas, grupos e instituições.

No caso do Edital de Mobilidade, é obrigatório o cadastro do perfil de agente individual (a pessoa física que será responsável pelo cadastro) e recomenda-se o cadastro do agente coletivo (a organização/grupo que a pessoa representa), embora isso não seja excludente. Aqui está uma instrução sobre como se registrar na plataforma: http://iberculturaviva.org/manual/?lang=es

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Já participei de outro edital do IberCultura Viva através desta plataforma. Preciso me registrar novamente como agente?

Não é necessário. O campo “Registrarse” na página inicial do Mapa IberCultura Viva é utilizado apenas pela primeira vez. Nas vezes seguintes, terá de ir a “Ingresar” para poder acessar o seu perfil. (Nota: Pela primeira vez, ao se registrar, o/a agente é direcionado/a automaticamente para o perfil. Em seguida, será necessário clicar em “Editar” para acessar/alterar os dados cadastrais.)

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Uma vez que o cadastro como agente na plataforma é preenchido, onde encontro a ficha de inscrição do concurso?

Quando tiver um perfil de agente cadastrado, vá até “Editais” (no topo da tela do Mapa IberCultura Viva) e procure o arquivo que aparece com o título “ Convocatoria de Movilidad/Edital de Mobilidade 2022”.  

Para iniciar seu cadastro, clique no campo de busca, localize o nome do agente individual/pessoa física que possui o cadastro (seu perfil de agente cadastrado anteriormente) e selecione “Realizar cadastro”. O formulário aparecerá imediatamente, primeiro em espanhol e depois em português. 

O sistema gera um “número de registro”, que deve ser fornecido sempre que você entrar em contato com o programa IberCultura Viva para obter qualquer informação sobre sua proposta.

Atenção: A qualquer momento é possível salvar os dados cadastrais utilizando o botão “Salvar” na margem superior direita. Feito isso, você pode sair da plataforma e continuar mais tarde, antes do final do período de registro. 

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ENVIO

Como saber se a candidatura foi realmente enviada?

A candidatura só será enviada após o preenchimento de todos os campos obrigatórios do cadastro de agente e do formulário de inscrição do edital, incluindo os anexos obrigatórios. 

Caso o cadastro do agente na plataforma não tenha sido totalmente concluído, não será possível enviar seu cadastro. O sistema apresentará um alerta (um “!” vermelho que deve ser clicado para descobrir onde está o problema). Caso o erro tenha sido no cadastro do agente, será necessário acessar “Meu perfil” (clicando em seu nome ou foto de perfil) e editar seu cadastro, preenchendo todos os campos do formulário. 

Atenção: Verifique as informações antes de clicar em “Enviar inscrição”. Após o envio não será possível editá-lo. A plataforma exibirá uma confirmação do envio: a data e a hora do envio aparecerão na tela destacadas em verde.

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SELEÇÃO

Quantas pessoas serão selecionadas?

O valor total destinado ao Edital de Mobilidade 2022 é de US$ 57,5 mil, que serão distribuídos para compra de passagens aéreas, seguro viagem e inscrição para os representantes das organizações ou grupos selecionados, além das despesas bancárias correspondentes à gestão dessas ações. A seleção deve contemplar a proporcionalidade dos recursos concedidos entre os países participantes, de acordo com o nível de participação e diversidade nacional.

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Quais os critérios que serão levados em consideração na seleção?

Os critérios que serão levados em consideração na seleção são aqueles detalhados no regulamento do edital, como a trajetória da organização e da pessoa candidata em ações culturais comunitárias, e o histórico de participação em reuniões de redes culturais comunitárias. 

Mulheres, jovens (de 18 a 35 anos), afrodescendentes e indígenas terão dois pontos extras na avaliação, assim como pessoas que participarão com alguma apresentação no Congresso (isso deve ser confirmado por meio de uma carta do Grupo Impulsor do evento). Serão selecionadas as pessoas que obtiverem as maiores pontuações entre os/as candidatos/as de cada país.

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No caso de eu ser uma das pessoas selecionadas no edital, o que receberei? 

As pessoas selecionadas nesta convocatória receberão passagens aéreas, seguro viagem e inscrição (Opção A). A inscrição inclui hospedagem, alimentação e traslados entre as cidades/distritos sedes do evento, a cargo dos organizadores do congresso. O programa não se responsabilizará pelos benefícios que serão fornecidos pela organização do congresso, como hospedagem, transporte ou alimentação. (Para mais informação, contacte a organização do congresso: cvccomunicacionespe@gmail.com)

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As pessoas selecionadas terão que participar de todas as atividades do congresso?

As pessoas candidatas devem se comprometer a participar das atividades programadas durante todos os dias do congresso. Caso o IberCultura Viva programe atividades em conjunto com o 5º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, a presença será obrigatória.

Além disso, as pessoas selecionadas devem fazer a prestação de contas em até 30 dias após seu retorno. Esta prestação deverá ser enviada por e-mail para programa@iberculturaviva.org, consistindo em: a) Relatório ou informe das atividades em que participou; b) Tíquetes de embarque; c) Realização de uma sessão de trabalho virtual e/ou presencial sobre a sua participação no congresso com a comunidade, organizações ou outros espaços onde o/a candidato/a atua. 

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Confira o regulamento: https://bit.ly/3uFfBtT

Inscrições: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/224/

Como se inscrever no Mapa IberCultura Viva: http://iberculturaviva.org/manual/?lang = es

Mais informações sobre o congresso: https://bit.ly/3RoFEPM

Consultasprograma@iberculturaviva.org

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(*) Texto atualizado em 26 de julho de 2022, após a extensão do prazo de inscrições do edital

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06

jul
2022

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

IberCultura Viva lança o Edital de Mobilidade 2022

Em 06, jul 2022 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

(Foto: Cultura de Red. 1º Congresso Latino-americano de CVC, Bolívia, 2013)

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O programa IberCultura Viva abriu as inscrições para o Edital de Mobilidade 2022, dirigido às organizações interessadas em participar do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que se realizará de 8 a 15 de outubro no Peru. As pessoas selecionadas receberão passagens aéreas de ida e volta, seguro de viagem e inscrição para o congresso. 

Podem participar da convocatória representantes das organizações culturais comunitárias, povos originários e comunidades afrodescendentes dos países que integram IberCultura Viva: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Paraguai (país convidado), Peru e Uruguai. Cada organização ou povo originário/comunidade afrodescendente poderá apresentar uma pessoa candidata. As postulações poderão ser enviadas até 26 de julho pela plataforma Mapa IberCultura Viva.

A seleção levará em conta critérios como a trajetória da organização e da pessoa candidata em ações culturais comunitárias, e o histórico de participação em encontros de redes culturais comunitárias. Mulheres, jovens (de 18 a 35 anos), pessoas afrodescendentes e pertencentes a povos originários terão dois pontos extras na avaliação, assim como as pessoas que participarão do congresso com alguma apresentação.

O formulário de inscrição deverá ser completado de maneira on-line, incluindo o envio de anexos, e não serão aceitas postulações com data de chegada anterior ao dia 7 de outubro nem saída depois de 16 de outubro de 2022. A publicação do resultado está prevista para 15 de agosto.

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Passagens + inscrição

Se destinará um total de US$ 57.500 para a compra de passagens aéreas, seguros de viagem e inscrição para as pessoas representantes das organizações selecionadas, além dos gastos bancários correspondentes a essas transferências. A opção A de inscrição, que será paga pelo programa, inclui hospedagem, alimentação e traslado entre as sedes do evento em Lima e Junín. Esses serviços são oferecidos pelo Grupo Impulsor (GI) do 5º Congresso Latinoamericano de CVC, que organiza o evento, e não são de responsabilidade do IberCultura Viva.

O Grupo Impulsor do Congresso é formado por uma rede de organizações diversas de todo o Peru e integrante do Movimento Latino-americano de CVC. O GI foi criado em maio de 2019, ao final do 4º Congresso Latino-americano de CVC, realizado na Argentina em formato de caravana (passando por Mendoza, Córdoba, Entre Ríos e Buenos Aires). Assim como se deu na Argentina, o 5º Congresso Latino-americano de CVC será itinerante, com sedes em Lima (Lima Centro, San Juan de Lurigancho e Ate-Vitarte) e Junín (Huancayo).

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Confira o regulamento do edital

Inscrições: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/224/

Consultas: programa@iberculturaviva.org

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Saiba mais sobre o congresso: https://www.facebook.com/perucvc

Primera Parada Informativa do Grupo Impulsor:

https://www.facebook.com/perucvc/videos/1727939157554438

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