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26

jun
2023

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Encontros de feminismos, candombes e formação em cultura viva: os projetos da Argentina selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023

Em 26, jun 2023 | Em Notícias, Sin categorizar |

(Foto: Instituto Rodolfo Kusch. 1º Encontro de Feminismos Comunitários Campesinos e Populares, 2022)

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Três propostas de eventos apresentadas por redes argentinas foram selecionadas no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo. A convocatória, que este ano chegou à oitava edição, destina um total de 174 mil dólares a 34 projetos provenientes dos 12 países integrantes do programa (cada projeto recebe até 5 mil dólares). Da Argentina entraram na lista o Segundo Encontro Internacional de Feminismos Comunitários Campesinos e Populares em Abya Yala, marcado para agosto em Tilcara (província de Jujuy); o Encontro Internacional de Candombes, que será realizado  também em agosto na cidade de Rosário (província de Santa Fé), e a Formação de Formadores em Cultura Viva Comunitária, que espera reunir cerca de 250  pessoas na cidade de Moreno (província de Buenos Aires).

 


* Nome da rede ou articulação: Red Quilla

* Nome do projeto: Segundo Encontro Internacional de Feminismos Comunitários Camponeses e Populares em Abya Yala

 

O Segundo Encontro Internacional de Feminismos Comunitários Campesinos e Populares de Abya Yala, proposto pela Red Quilla, está programado para acontecer em Tilcara (província de Jujuy, Argentina) de 18 a 20 de agosto de 2023. O evento visa dar continuidade ao espaço de reflexão e troca de experiências que se deu na primeira edição do encontro em Tilcara, na Quebrada de Humahuaca, por onde passaram mais de 2 mil mulheres entre os dias 13 e 15 de agosto de 2022.

A programação inclui oficinas, conferências, apresentação de trabalhos, vivências e apresentações, performances poéticas, apresentação de livros, cinema, teatro e música, além de feira de artesanato e feira de troca de sementes. A coordenação das atividades estará a cargo de membros de comunidades indígenas, camponesas e/ou populares.

Os eixos de trabalho serão quatro: 1) O comunal como opção política; 2) A alimentação como questão ético-política; 3) Estética feminista; 4) Epistemologias feministas do cuidado. Um dos objetivos do evento é construir epistemologias anticolonialistas que recuperem saberes e práticas ancestrais, bem como criar um espaço de articulação entre ativismo, prática política e teorização.

A intenção é abrir espaço para rever as culturas organizacionais patriarcais, capitalistas e colonialistas, e propor novas formas de gestão da vida cotidiana a partir dos feminismos: O que fazer? Como fazer? Com quem fazer?

A proposta inclui o lançamento de convocatórias para oficinas coordenadas por organizações, coletivos e instituições interessadas, bem como a publicação de um livro (físico ou digital) que reúna as apresentações/experiências dos/das participantes e das conferências centrais. Será feito também um registro fotográfico e em vídeo das atividades.

O primeiro Encontro de Feminismos Comunitários se deu em agosto de 2022 (Foto: Instituto Rodolfo Kusch)

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Trabalho colaborativo

A Red Quilla realiza um trabalho colaborativo desde 2021. Seus objetivos incluem a criação de espaços formativos e educativos, a promoção do encontro de mulheres e do coletivo LGBTQIA+ e o resgate das narrativas dos feminismos. Na Universidade Nacional de Jujuy (UNJu), por meio do Instituto Rodolfo Kusch, a rede nos últimos três anos a Diplomatura em Feminismos Comunitários Campesinos e Populares em Abya Yala, que convocou mais de mil mulheres em cada uma de suas edições (2020, 2021 e 2022).

Neste projeto apresentado ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023, a rede conta com a participação do Instituto Rodolfo Kusch, da Casa Mama Quilla e da Fundandes, que será a entidade responsável pela administração dos recursos.

Criada em 1990 em Tilcara, a Fundandes tem como objetivo desenvolver atividades de gestão cultural comunitária, recuperação e resgate do patrimônio e da memória dos povos indígenas. A fundação tem desenvolvido projetos de formação, pesquisa e produção, com perspectiva de gênero, ecológica e sustentável para as comunidades.

O Instituto Rodolfo Kusch, da Universidade Nacional de Jujuy, tem como atribuições a pesquisa e a formação. Tem desenvolvido múltiplos projetos de formação, como diplomaturas, cursos, seminários, conferências, encontros com caráter de difusão e divulgação do pensamento americano. Fundado em 2017, o instituto sediou o primeiro Encontro de Feminismos em 2022 e sediará também este segundo encontro.

A Casa Mãe Quilla, por sua vez, existe desde 2022 e conta com uma equipe de 22 pessoas, entre ativistas, professores/as, alunos/as, gestores/as comunitários, membros da comunidade, acadêmicos/as e profissionais de Jujuy, Argentina e da comunidade internacional. Com um modelo de gestão comunitária feminista, a casa conta com o Espaço de Atendimento e Acompanhamento de Mulheres e Dissidentes em Situação de Violência de Gênero e tem prestado esse serviço à comunidade de Quebrada e Puna. Na Área de Gestão Cultural Comunitária, tem promovido oficinas de arte e cultura indígena.

(*) Inscrições para participar do encontro: https://forms.gle/QmvtbwwjHET3jFdf9


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*Nome da rede ou articulação: Movimento Argentino de Cultura Viva Comunitária

* Nome do projeto: Formação de Formadores em Cultura Comunitária Viva

 

A Formação de Formadores em Cultura Viva Comunitária, proposta apresentada pelo Movimento Argentino de CVC, foi concebida como um evento integral de cinco dias, dirigido a um total de 250 formadores/promotores de processos de Cultura Viva Comunitária nos territórios. A ideia é que participem pessoas de todas as províncias argentinas e que o encontro permita vivenciar oficinas e atividades integradoras para que tenham uma visão global dos temas e possam produzir ferramentas e diálogos que fortaleçam suas tarefas comunitárias.

A atividade será realizada em Moreno, nas instalações da Associação Civil El Culebrón Timbal e da Escola Primária Mil Pueblos Jóvenes, que funcionam em uma propriedade de dois hectares, apta para acampamentos, atividades ao ar livre, debates, feiras e oficinas, facilitando o alojamento e a alimentação dos participantes no mesmo local.

Pretende-se explorar as diferentes linguagens e disciplinas que são a espinha dorsal dos processos de Cultura Viva Comunitária para abordá-las em conjunto, fazendo-as dialogar entre si e valorizando suas contribuições diferenciais nos processos locais de liderança popular e participação cidadã, reforçando a dimensão pedagógica de cada proposta.

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A rede

O galpão de La Comunitaria em 2020

Uma das organizações que inscreveram esta proposta no Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 foi a Cooperativa La Comunitaria de Rivadavia. Esta organização social, que nasceu há 17 anos nos pampas argentinos, atualmente conta com 16 sedes autogeridas em áreas rurais e cidades das províncias de Buenos Aires e La Pampa. As mais de 120 oficinas artísticas e propostas comunitárias desenvolvidas nesses espaços envolvem cerca de 2 mil pessoas. O grande motor da cooperativa La Comunitaria sempre foi o teatro comunitário, mas ao longo do tempo foram-se incorporando oficinas de diferentes artes e ofícios, comedores, merenderos e desenvolvimento rural.

Outro participante é a Fundação de Apoio à Infância e Juventude Che Pibe, de Lomas de Zamora (província de Buenos Aires), que desde 1987 em Villa Fiorito busca fortalecer as famílias e a comunidade articulando-se com organizações, movimentos, redes e o Estado para o cumprimento e gozo dos direitos humanos, por meio de projetos e atividades de promoção social envolvendo aspectos culturais, educacionais, esportivos e recreativos.

A Asociación Civil Clericó Cultura Viva Comunitaria, de Devoto (província de Córdoba) é a terceira organização que apresenta este projeto. Fundada em janeiro de 2015, tem entre as suas actividades a promoção e o incentivo às expressões culturais e artísticas através da organização de mostras, exposições, oficinas, cursos, palestras, seminários, congressos, feiras, festivais, palestras, intervenções e todo o tipo de eventos e instâncias de capacitação. A organização responsável pela gestão do projeto é a Associação Civil El Culebrón Timbal, que sediará o evento.

(Foto: El Culebrón Timbal)


*Nome da rede ou articulação: Rede Latino-Americana de Candombes

* Nome do projeto: Encontro Internacional de Candombes

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O Encontro Internacional de Candombes ocupará a cidade de Rosário, de 18 a 21 de agosto de 2023, reunindo diferentes grupos e organizações que abordam e divulgam as expressões de matriz afro denominadas “candombe”. O evento busca estimular o diálogo entre as comunidades candombeiras, reconhecendo os diferentes contextos culturais, promovendo uma troca respeitosa e convidando à construção de uma rede comunitária com uma perspectiva antirracista e transfeminista.

A proposta fala de “candombes” no plural, já que, transcendendo as fronteiras do atual estado-nação, existem diferentes expressões afro-latinas na região denominada “Cuenca del Plata”, cuja história é comum. Para essas comunidades, os candombes são parte viva de sua história, pela qual existem e resistem.

O projeto busca fortalecer e ampliar a rede já existente de candombes, entendendo-os como formas de expressão cultural e artística de origem afro-latino-americana. As organizações envolvidas propõem espaços de oficinas e bate-papos em torno dos saberes específicos de cada comunidade e das diferentes formas de construção comunitária (suas contribuições e problemáticas) em cada território.

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Organizações participantes

(Foto: Ballet Kamba Cúa)

Cinco organizações (quatro argentinas e uma paraguaia) estão envolvidas neste projeto. Criado em Corrientes em 2003, Camba Cuá Candombes tiene como principal objetivo manter vivas a tradição e a história relacionadas ao culto a São Baltazar, principalmente nas comemorações dos dias 5 e 6 de janeiro, no bairro Camba Cuá, e durante o ano em escolas, eventos culturais e sociais, centros comunitários e centros culturais. No culto a São Baltazar, cada família de santo recebe o toque do candombe e danças como oferenda principal. Também são distribuídos doces, comidas e a bebida do santo chamada “sangría”.

A Casa da Cultura Indo-Afro-Americana Mario Luis López existe desde 1989 na cidade de Santa Fé, tendo como área de atuação o resgate, a defesa, o desenvolvimento, a divulgação e a valorização das raízes culturais, destacando-se as dos povos nativos e as dos africanos transplantados para a América pela escravidão, e promover o resgate da memória histórica. A organização promove apresentações de livros, palestras, debates e oficinas, bem como intervenções em espaços culturais, escolas e espaços públicos.

A Associação Misibamba, por sua vez, é uma comunidade afro-argentina de Buenos Aires que desde 2008 trabalha em torno de ações territoriais e propostas educativas que promovam maior reconhecimento e visibilidade das raízes afrodescendentes argentinas. O Misibamba procura fortalecer a luta contra o racismo, a discriminação e a xenofobia na sociedade e promover o respeito pelas diferentes culturas que compõem a identidade nacional.

A Associação Casa da Memória, responsável pela administração dos recursos, é a organização territorial que reúne a rede para esse encontro. A atual Casa da Memória, em Rosario, foi a residência do casal Etelvino Vega e María Ester Ravelo, ambos cegos, ativistas sociais sequestrados e desaparecidos pela ditadura no país. Desde sua recuperação jurídica, social e política, em 1994, tem contribuído para a preservação da memória coletiva e se tornou um centro de promoção e desenvolvimento do patrimônio imaterial de Rosario, relacionado com práticas democráticas e defesa dos direitos humanos. Neste espaço ocorrem diversas atividades artísticas e culturais, como oficinas, ensaios, palestras, debates, biblioteca e rádio.

Já a Associação Grupo Tradicional Kamba Cúa, que atua em uma comunidade afro-paraguaia na cidade de Fernando de la Mora, se dedica desde 1980 ao resgate e divulgação da cultura, dança e música de afrodescendentes em espaços educativos, culturais, oficinas e eventos nacionais e internacionais festivais. O grupo também é conhecido como “Ballet Kamba Cúa de Lázaro Medina”.

 

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