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05

nov
2015

Em Notícias

Por IberCultura

El Salvador: semeando alegria, esperança e comunidade

Em 05, nov 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

Foto: Bladimir Nolasco

As imagens da “comparsa” (bloco, passeata festiva), os malabaristas, os meninos nos tambores, os pernas-de-pau, os palhaços, os dançarinos, a população nas ruas e os sorrisos não deixam dúvidas. Fazia mesmo todo sentido que El Salvador fosse sede do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Um país marcado por lutas, conflitos, massacres, e que vive um momento histórico com um governo que busca promover mudanças sociais por meio da cultura.

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Foto: Bladimir Nolasco

“Aprendemos que a cultura sai do povo, não sai do governo”, afirma Ramón Rivas, secretário de Cultura da Presidência de El Salvador, que apoiou o evento organizado pela sociedade civil (a Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitaria), de 27 a 31 de outubro, sob o lema “Convivência para o bem comum”.  “A arte e a cultura são do povo e para o povo e é a partir daí que podemos impulsar as mudanças necessárias.”

E foi um povo alegre que saiu às ruas a receber com largos sorrisos os cerca de 500 congressistas da América Latina e do Caribe durante os cinco dias de conferências, foros, debates, reuniões, cursos, apresentações e visitas às comunidades. A cordialidade, o respeito e o espírito de irmandade marcaram o encontro antes, durante e depois. E mostraram que muitas das mudanças pelas quais o país passa hoje deveriam estar resolvidas desde os Acordos de Paz.

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Foto: Bladimir Nolasco

Antes e depois

A assinatura dos Acordos de Paz, em 16 de janeiro de 1992, marcou um antes e depois na história de El Salvador. Firmados entre o governo e a Frente Farabundo Martí para la Liberación Nacional (FMLN), em Chapultepec, México, os acordos terminaram com 12 anos de guerra civil no pequeno país centro-americano. Mais de 70.000 pessoas morreram nesse período. O ano de 1992, portanto, marcaria o começo da reconstrução do país.

Ainda que tenham trazido valiosas conquistas para a construção e o fortalecimento de uma institucionalidade democrática – os Acordos de Paz colocaram fim não apenas à parte armada do conflito, mas também a 60 anos de ditadura militar –, as coisas não aconteceram como se esperava. As batalhas continuaram. Mudaram de forma e cenário, passando à beligerância político-eleitoral, direita versus esquerda.

Como o mesmo partido político seguiu no poder, El Salvador seguiu como um país de modelo neoliberal, sem moeda própria (ainda está dolarizado), até 2009, quando a Aliança Republicana Nacionalista (Arena) perdeu as eleições presidenciais para o FMLN (a frente de guerrilha virou partido político em 1992). Começava, então, um governo de esquerda, o primeiro da história do país. Em 2014, o FMLN ganharia mais uma vez as eleições.

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Foto: Bladimir Nolasco

De guerrilheiro a presidente

Salvador Sánchez Cerén, o atual presidente, foi um dos guerrilheiros que negociaram com o governo de El Salvador os Acordos de Paz em 1992. “Isto é histórico: um presidente que foi membro do FMLN hoje é presidente, comandante geral das forças armadas”, destacou Wilfredo Zepeda, secretário adjunto de Arte e Cultura do FMLN, no painel-foro “Políticas Públicas e Cultura Viva Comunitária”, em 30 de outubro, no Cine Teatro da Universidade de El Salvador.

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Wilfredo Zepeda, do FMLN

“Estamos em um momento histórico que é fruto das lutas populares que vêm num processo contínuo desde a década de 1970, quando surgiram os movimentos revolucionários”, acrescentou Zepeda. “E o momento histórico que vive El Salvador é também um momento de disputa de hegemonia, não apenas política, e sim cultural e ideológica. Nunca antes na história de El Salvador isso havia estado em disputa.”

Segundo o secretário Ramón Rivas, a cultura nunca havia sido um objetivo de país, mas agora é um dos pilares que sustenta a atuação do governo. “Já não nos referimos à cultura como sinônimo de belas artes, e sim como a dimensão de vida que constitui a força viva, criativa e coletiva do país.”

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Foto: Bladimir Nolasco

As Casas da Cultura

Umas das ações do Plano Quinquenal de Desenvolvimento (“El Salvador, produtivo, educado e seguro”, 2014-2019), apresentado pelo presidente Sánchez Cerén, é a implementação do programa Cultura Viva Comunitária, por meio da Direção Nacional das Casas da Cultura para o Desenvolvimento da Convivência e do Bem Viver.

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O secretário Ramon Rivas. Foto: Secretaria de Cultura de El Salvador

Ramón Rivas conta que as Casas da Cultura – hoje presentes em 155 municípios do país – eram espaços onde havia uma biblioteca e os funcionários passavam seus dias emprestando livros, recebendo livros, cuidando para que não fossem roubados…. “Agora não. As Casas da Cultura hoje são pontos de socialização. São espaços de convivência onde homens, mulheres, crianças e sobretudo jovens, em vez de estar na esquina ou ser presas das ‘maras’ (gangues) e outros grupos delinquentes, têm um espaço onde podem se encontrar, se entreter.”

César Pineda, o diretor nacional das Casas da Cultura, também ressalta que as casas, antes tão preocupadas com a biblioteca, hoje são centros de convivência e troca de saberes. São espaços que dão poder ao povo, que buscam restituir o bem comum, o interesse coletivo sobre o privado. “O pecado não é estar organizado. O pecado é um povo sem organização”, comenta o diretor, citando uma frase de Monsenhor Romero, o bispo mártir dos salvadorenhos.

E é assim que o 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária acaba marcando um antes e depois na abordagem da temática cultural no pequeno país centro-americano: com o povo em movimento, organizado e sorridente nas ruas, participante de seu destino.

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Foto: Diana Iliescu

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03

nov
2015

Em Artigos e publicações
Notícias

Por IberCultura

Compilação de artigos sobre Cultura Viva Comunitária é lançada em El Salvador

Em 03, nov 2015 | Em Artigos e publicações, Notícias | Por IberCultura

Eram muitas as opções de títulos para o livro que foi lançado durante o 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em El Salvador. Uma das alternativas era Cultura Viva Comunitária, chave para a inclusão social nos bairros da América Latina. Outra era Cultura Viva Comunitária, para construir a convivência em tempos de insegurança. No final, ficou o que dava nome ao congresso e representava o norte de tudo: Cultura Viva Comunitária, convivência para o bem comum.

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Jorge Melguizo, o editor do livro, é consultor e conferencista em gestão pública, cultura e segurança e convivência

Compilada e editada pelo colombiano Jorge Melguizo, a publicação reúne artigos de pessoas de 17 países da América Latina. Entre elas, Eduardo Balán (Argentina), Célio Turino (Brasil), Iván Nogales (Bolivia), Patricia Requena (Chile), Fresia Camacho (Costa Rica), Marlen Argueta (El Salvador), Liz Osorio (Paraguai), Paloma Carpio (Peru) e Paula Simonetti (Uruguai).

“É um livro para reunir, com a intenção de que uma vez reunido se dissemine”, afirma Melguizo. “Poucos programas podem se dar o luxo de ter em mais de 17 países processos similares que se compartilham e que se alimentam reciprocamente. Não é um livro memória, ou ao menos não é só isso o que pretende. Procura ser uma ferramenta: o que fazer e como fazer”.

Com 220 páginas, Cultura Viva Comunitária: Convivência para o bem comum tenta contar um processo de anos e que propõe algo muito simples: decisão política para destinar orçamentos públicos a projetos de Cultura Viva Comunitária.

“Incluir as culturas vivas comunitárias nas decisões políticas e orçamentárias nos levará a incluir na sociedade os múltiplos projetos culturais que são feitos em nossos bairros e zonas rurais sem o Estado, apesar do Estado ou inclusive contra o Estado”, escreve Melguizo. “Nessas expressões culturais de bairro e rurais, múltiplas e diversas, está uma boa parte da cultura para a paz de que necessitamos com urgência potencializar para que a convivência seja uma palavra que nos defina como sociedade.”

Coordenação

capa-livro_editedJorge Melguizo conta que teve a ideia do livro há uns seis meses. A proposta era para que os organizadores do congresso preparassem a edição, aproveitando a oportunidade de apresentá-la no evento. A aprovação veio em setembro, com um pedido: que ele mesmo fizesse a compilação e a edição.

A coordenação ficou a cargo de Julio Monge e Marlen Argueta, da Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária. Julio Monge, segundo Melguizo, “foi chave no impulso e na insistência” em El Salvador para que o livro saísse, e Marlen Argueta foi a responsável pela concretização do desenho e da impressão. “Sem eles dois, o livro teria ficado apenas na ideia”, ressalta.

Leia também:

Cultura Viva Comunitaria: Convivencia para el bien común, por Jorge Melguizo

Os outros artigos estão disponíveis aqui: https://iberculturaviva.org/publicacoes/es-libros/

 

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03

nov
2015

Em Artigos e publicações
Notícias

Por IberCultura

Caminho dos futuros – Aportes para o Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária

Em 03, nov 2015 | Em Artigos e publicações, Notícias | Por IberCultura

Por Eduardo Balán

A irrupção do conceito da Cultura Viva Comunitária no campo dos debates sobre políticas públicas culturais na América Latina teve e tem algumas dimensões que se destacam. Em pouco menos de dez anos, reuniu adesões e compromissos que levaram à realização de centenas de encontros e atividades em 17 países, criou redes de experiências organizadas, dois Congressos continentais, ajudou a impulsionar uma dezena de programas nacionais e locais por parte dos governos e a converter-se, por exemplo, no eixo do VI Congresso Ibero-americano de Cultura, que a Secretaria Geral Ibero-americana realizou em Costa Rica em 2014.

Publicações, curtas-metragens, festivais e distintas produções foram o eixo de âmbitos de criação e reflexão num caminho que deixa uma perspectiva nova sobre temas centrais da política e da cultura contemporânea em nosso continente. Um conceito ligado à prática de milhares de coletivos e redes populares de teatro comunitário, meios locais de comunicação, bibliotecas populares, centros culturais, agrupações de música, arte de rua, culturas colaborativas, hip-hop, grupos de dança popular etc., que descobriram nesta categoria (a Cultura Viva Comunitária) um sistema de ideias e valores eficaz na hora de defender e projetar suas práticas políticas, estéticas e organizativas.

No entanto, sabemos que a transcendência ou o caráter de novidade de uma formulação conceitual não são por si mesmas uma garantia de sua eficácia em nenhum sentido específico, muito menos o começo obrigatório da geração de práticas de emancipação; as superestruturas instituídas na esfera do estatal ou do mercado geram permanentemente supostas inovações teóricas que, em muitos casos, são apenas mudanças superficiais em conteúdos tradicionais, ocultamentos ou passes de mãos exagerados apenas para efeito de fazer circular um novo “produto” nos campos de interação de funcionários, políticas, ONG, organismos de financiamento e burocracias de distintas categorias.

Frente à inapelável realidade de que se consolida em nosso continente um modelo de desenvolvimento baseado na desatenção irresponsável aos nossos bens comuns, a precarização laboral de milhões de compatriotas, uma desigualdade social escandalosa, o avanço sobre os direitos de milhares de comunidades territoriais e a degradação ambiental de nossa terra, estamos forçados a discernir entre o que são “modas” intelectuais e políticas dos conceitos que efetivamente fazem um aporte à possível transformação de estas realidades.

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A Cultura Viva Comunitária tem, neste sentido, um notável primeiro valor como ideia-força, porque surgiu dos debates e das lutas de centenas de coletivos latino-americanos; não resultou desta ou daquela elucubração “de autor” em sua dimensão individual. Como num jogo de participação crescente, tomou sua forma em um processo de encontros territorializados, alguns criados por motivações artísticas (festivais, mostras de diferentes grupos) ou políticas (a luta no Parlamento do Mercosul ou na legislação de Medellín, por exemplo).

Ao longo de uma sequência de eventos e ações, criados em sua grande maioria a partir do desejo de autoafirmação de numerosas redes e grupos, o conceito da Cultura Viva Comunitária sintetizou a visão proveniente de Colômbia, Guatemala, Costa Rica, a influência da experiência dos chamados “Pontos de Cultura” no Brasil, as iniciativas históricas no Peru, Bolívia e Chile e a força organizativa de redes e coletivos autônomos de Argentina e Uruguai. Alinhando-se com iniciativas de El Salvador, Paraguai, Honduras, Equador, México, Panamá, Venezuela, Cuba e Nicarágua, logo se comprovou que, ainda que fragmentado, se tratava de uma espécie de “sistema nervoso” continental e identitário.

Efetivamente, existem em nosso continente umas 130 mil experiências populares e redes que, através da arte, da comunicação e do trabalho “cultural”, protagonizam processos locais que questionam e transformam seus próprios bairros, convocam a participação popular e alteram assim o cenário institucional das políticas públicas locais, regionais e nacionais com êxitos e avanços díspares e diversos.

Um ponto de inflexão terá sido, seguramente, o 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em La Paz, Bolívia, em 2013. Ali foi possível (auto)reconhecer um movimento continental com mística e símbolos próprios, mesmo na diversidade de culturas e representações.

Com características épicas e profundamente emocionais, cerca de 1.500 ativistas (em sua maioria jovens), deram impulso a um incipiente processo que assumiu uma identidade ligada ao longo percurso protagonizado por nossos povos originários, passando pelas comunidades de bairro, rurais e urbanas de todo o continente, pelos trajetos descritos pelos movimentos sociais, ambientais, por uma economia solidária e uma democracia participativa, abraçando a cultura de paz e com uma forte marca anticapitalista e antipatriarcal, enfrentando todas as lógicas da colonização, mas a partir de uma prática festiva, ancorada em grande medida no poder da alegria e do encontro como força de transformação. Esse “magma” cultural da América Latina começava a demostrar que pode portar uma visão política comum, um horizonte de perguntas e buscas similares.

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Um processo de construção

E não acabaram ali as “novidades” trazidas por este novo movimento continental. Desde o início, este caminho compartilhado trouxe consigo dois elementos que lhe dariam uma dinâmica particular nos processos de transformação: sua vocação de construção orgânica e sua interpelação ao vínculo tradicional com o público e o estatal. Efetivamente, a chamada Plataforma Puente Cultura Viva Comunitária (integrada por mais de uma centena de redes e organizações latino-americanas) foi o ator principal da convocatória ao Congresso na Bolívia, mas advertiu, em sucessivas reflexões, que era necessário arbitrar os meios que permitiram que tudo não ficasse reduzido ao “evento” e seus efeitos superficiais de difusão ou prestígio. A experiência que tínhamos em “shows” institucionais, passado o momento luminoso do encontro, pouco ajudaria a estruturar uma ação cotidiana, organizativa e formativa.

A Cultura Viva Comunitária necessitava criar uma ferramenta de diálogo e apoio aos processos locais, outorgando visibilidade e uma “cobertura” fraternal que pudesse ser caixa de ressonância em conflitos e situações difíceis, fatos que ainda hoje fazem parte de nossa vida organizativa. A violência, o narcotráfico, as diferentes caras da dominação política não poucas vezes dirigiram (e dirigem) suas ações contra as experiências da cultura comunitária, não apenas criando obstáculos aos processos, mas também agredindo suas referências, fechando os locais ou chegando inclusive a causar a perda da vida de companheiros e companheiras, como no caso de Victor Leiva, animador cultural guatemalteco de apenas 24 anos, morto em 2011. Era necessário criar uma ferramenta que desse continuidade às resoluções que se iam fixando, que visibilizasse nossas redes e melhorasse a comunicação, o cuidado e o impulso aos processos.

Assim, aquele primeiro Congresso na Bolívia postulou a América Central como o lugar do encontro continental seguinte – em virtude de ser um dos lugares com dramáticas situações de violência repressiva –, lançou a convocatória para a realização de congressos nacionais de Cultura Viva Comunitária e criou o Conselho Latino-americano para a Cultura Viva Comunitária, um âmbito mais cotidiano para o fortalecimento dos processos locais, nacionais e continentais, integrado por áreas e equipes de trabalho em temas específicos.

Esta tensão em direção a um crescimento “enraizado” e em espiral, constituindo âmbitos coletivos e orgânicos em níveis locais, nacionais e regionais, e em uma dinâmica de democratização permanente, deixou claro desde o início que este movimento resistia a converter-se em una mera representação “setorial” de um punhado de ONGs, referências ou instituições frente às estruturas conjunturais do poder instituído existente, na negociação de programas pontuais ou iniciativas exclusivamente governamentais.

Pelo contrário. Assumindo a perspectiva de que “a Cultura Viva Comunitária não vem para decorar a democracia, e sim para transformá-la”, redes e grupos avançaram com decisão na multiplicação de âmbitos de debate, formação e encontro, com diferentes graus de institucionalização, mas com uma forte vocação de multiplicação política e espiritual. Viagens sinérgicas, caravanas, feiras de intercâmbio e até conferências em “streaming” foram ferramentas que permitiram que se formalizassem mais de 70 coletivos nos distintos países, aglutinados em torno da premissa da Cultura Viva Comunitária, produzindo documentos e reflexões que circulam permanentemente entre nós.

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Como veremos mais adiante, não se trata de uma postura reativa ao diálogo com os governos; está mais voltada a um diagnóstico realista das condições críticas de nossos sistemas institucionais e a convicção profunda de que é necessária e imprescindível voltar a ação dos movimentos sociais a partir de um projeto integral, um paradigma civilizatório alternativo e uma perspectiva de questionamento radical às formas e procedimentos de uma democracia exclusivamente representativa, tão sensível à condução das forças do mercado. Essa mística, presente em obras artísticas, instalações e produções de distintas linguagens, expressou a contextura ideológica de uma ação também persistente no terreno da política institucional.

Um vínculo particular com o público e o estatal

Nesse plano, o movimento continental pelas Culturas Vivas Comunitárias foi sintetizando suas visões em elementos para uma proposta integral; sem perder de vista as particularidades das distintas redes e distintos países, buscamos extrair uma possível dinâmica que amplificasse a dispersão e a fragmentação, tentando construir, baseado no diálogo, um condutor compartilhado em uma perspectiva comum, possível graças a certas realidades que atravessam o continente.

Assim foi surgindo o reclamo continental mais importante de nossas lutas, que pede a destinação de 0,1% dos orçamentos nacionais para o desenvolvimento das expressões da cultura comunitária, autogestionada e independente. Não se trata de uma exigência “setorialista” nas formas nem desmedida em seu conteúdo; muito pelo contrário, frente aos cenários sociais que estão combinando pobreza, exclusão, presença crescente do narcotráfico, precarização do trabalho em nossos jovens, crescimento da violência urbana e degradação do meio ambiente, a necessidade de destinar uma porcentagem dos orçamentos nacionais ao impulso de processos que consolidem uma cultura de desenvolvimento comunitário é uma prioridade que não pode ser deixada de lado.

Rigorosas análises de companheiros e companheiras economistas de nossos movimentos assinalam com cifras concretas que esse investimento geraria a participação ativa de milhões de famílias e bairros, em uma dinâmica virtuosa nas economias locais que permitiria inclusive seu autofinanciamento de modo indireto através dos impostos ao consumo em nossos países; em média, esta proposta poderia autofinanciar-se em todos os países latino-americanos numa ordem de 57,9% (1).

Nosso movimento, sem perder de vista este reclamo principal, tem articulado em torno desta demanda a luta por um sem número de programas cidadãos, locais e provinciais, de apoio às Culturas Vivas Comunitárias, com suas respectivas normativas jurídicas e ferramentas institucionais. Avanços e retrocessos foram balizando um caminho em que nossos vínculos com os governos e o Estado permitiram um processo conflitivo, mas rico em aprendizados e desafios, em que temos tratado de cuidar para que a ação sobre o institucional não nos distancie da “via” principal do processo de transformação que protagonizamos, fundado nos processos sociais e populares. Esta certeza nos tem permitido enfrentar com firmeza as ambiguidades e ilusões tão frequentes nos lances institucionais; não perder de vista que nossas lutas estão efetivamente ligadas à perspectiva de uma nova sociedade, com as dimensões de uma verdadeira transformação cultural. Isso nos ajuda a entender as verdadeiras razões do atraso na concretização de muitas de nossas demandas.

LEITURA DO DOCUMENTO

Mensurados, por exemplo, os efeitos positivos que a promoção da Cultura Comunitária teria no relativo à educação e à saúde pública, ao cuidado dos espaços cidadãos e às melhorias nas práticas cidadãs, fica claro que a destinação de 0,1% dos orçamentos nacionais a estas expressões mediante leis e programas específicos é prioridade, embora ocultada e irritante para os poderosos na América Latina das primeiras décadas do século XXI. A negativa a dar curso institucional a este reclamo é outra evidência de que a exclusão e a dominação seguem sendo parte do núcleo duro dos interesses que têm para este continente os principais decisores governamentais e empresários em seu modelo de desenvolvimento. Enquanto os movimentos populares estendemos o vínculo com o Estado em direção a um crescimento e a um empoderamento do público, dividindo um cenário superior no governo de nossas realidades, os poderes econômicos conduzem a dinâmica institucional na direção contrária e utilizam o aparato estatal para privatizar a vida e convertê-la em mercadoria.

“Progressismo” e modelos de desenvolvimento

Um rápido olhar sobre a realidade atual latino-americana nos permite estabelecer um conjunto de elementos comuns e regionais. Por um lado, as últimas décadas têm sido o cenário da irrupção de movimentos populares e democráticos em capacidade de acessar e  gestionar o poder do Estado em alguns lugares, em grande medida em reação ao funesto desdobramento dos neoliberalismos ultramontanos em vários de nossos países durante a década de 90.

Essa aparição tem permitido o ressurgimento de núcleos discursivos e ações institucionais com uma ressonância positiva naquelas organizações e referências ligadas à tradição da busca de uma Pátria Grande latino-americana, emancipada dos imperialismos e com uma justiça social efetiva na vida cotidiana. Nestes últimos 15 anos abundaram ações continentais e nacionais estruturadas em torno destas grandes e queridas bandeiras populares, acompanhadas de não poucas reformas políticas de importância (leis de democratização dos meios de comunicação, reformas constitucionais, programas sociais de maior cobertura social, visibilização de nossos povos originários, posturas diferentes frente aos organismos multilaterais de crédito, etc).

No entanto, nossa visão seria muito limitada se não disséssemos também que essas ações não têm tentado estruturar outro modelo de desenvolvimento, um modelo alternativo ao apresentado pelo capitalismo global em sua fase atual para nosso continente. Enquanto o PIB de nossos países experimentou um crescimento de 100% nas últimas décadas, as porcentagens de pobreza e desigualdade permanecem inalteradas, num modelo de desenvolvimento protagonizado pelo capital global e estrangeiro, que mantém níveis escandalosos de endividamento de nossos Estados, que dilapida nossos bens comuns e saqueia nossos recursos.

Em diferentes níveis nos distintos países, tampouco foram conquistados avanços importantes na transformação de nossas instituições. As “consultas populares” e outras ferramentas de democracia participativa só tiveram uma sistematicidade digna de atenção em países como Bolívia e Venezuela, sendo praticamente inexistentes no resto do continente. As práticas “delegativas” e “de consumo” foram consolidadas como dinâmica fundamental por estes governos no campo cultural e cidadão, na economia cotidiana y, por tanto, no terreno da arte e da comunicação, permitindo em todo caso uma maior exposição da narrativa “de esquerda”, mas sem alterar os circuitos de produção e distribuição de bens culturais.

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Enfrentamos assim um cenário em que a década de governos chamados “progressistas” na gestão de nossos Estados nacionais na América Latina tem operado como uma expressão de processos emancipatórios na política institucional e, ao mesmo tempo, como um dispositivo de contenção e reorientação do conflito social e de redirecionamento de nossos modelos produtivos nos andaríveis de um capitalismo global fortalecido. Esta situação, em que milhares de processos organizativos e institucionais têm ficado truncados e apagados, vem provocando um desgaste profundo na mesma “base social” dessas gestões, que hoje enfrentam em todo o continente o ressurgimento de expressões eleitorais e institucionais mais claramente ligadas ao poder econômico dominante.

As consequências sociais destes modelos de gestão que combinam uma retórica “de esquerda” com a ausência de processos genuínos de democratização e organização popular inteligíveis pelas maiorias de nossos países, foram e são altamente destrutivos das redes sociais e organizadas da comunidade. Ao desaparecer aquele projeto político integral que exibia níveis crescentes de nitidez nos setores médios e populares durante a resistência aos neoliberalismos dos anos 90, vai prevalecendo na prática uma lógica individualista de sobrevivência, uma resignação política e uma fragmentação que convivem, no território, com uma pobreza cada vez mais estrutural, com a violência organizada e com um modelo ambiental suicida, sem que existam, como há dez anos, núcleos autônomos de intransigência social com a força suficiente para enfrentar essas realidades.

Que potencialidades pode desatar, neste cenário, o núcleo de valores expressado por este conceito sugestivo e provocativo que expressamos ao dizer Cultura Viva Comunitária?

Uma ideia chave no debate sobre os futuros

Crear-vale-la-pena-4-335x310A visão da Cultura Viva Comunitária foi tomando forma na mesma sequência de tempo em que experimentamos o processo descrito no parágrafo anterior. De algum modo se poderia afirmar que surge em reação à queda, ao paulatino desmanche ou ao retrocesso, no terreno das formulações políticas dos grandes movimentos populares, da necessária integralidade com que entendemos que podem e devem se vincular os olhares sobre o público, o comunitário e o estatal em épocas de crise da modernidade, capitalismo tardio e mudança de paradigmas.

A Cultura Viva Comunitária interpela os postulados do capitalismo moderno, a ideia do consumo como eixo do progresso, o mito dos “desenvolvimentismos” industrialistas “ad infinitum” e a democracia burguesa, mas também as concepções das vanguardas partidárias de esquerda, as perspectivas de transformação instaladas exclusivamente na órbita da condução do Estado e das políticas instituídas, os olhares que situam como problema principal de nosso tempo a ausência de “direções” que orientem a sociedade em este ou aquele sentido, as práticas centradas na “representação” como núcleo fundamental da política.

A Cultura Viva Comunitária considera a possibilidade de que a palavra “povo” designe algo mais que o que entendemos como “eleitorado”; a hipótese de que efetivamente possa sustentar-se no tempo a aposta de uma subjetividade coletiva em processo, uma vocação planetária realizada no reencantamento do espacio público compartilhado. Ilumina dimensões distintas da arte e da política; postula a arte como criação da comunidade humana, a “obra” como parte de um processo na criação de beleza, a organização comunitária como possível continente de um projeto cultural, realizado em uma relação criativa com o conflito social, e utilizando a memoria, o presente e o futuro como materiais de trabalho. Aparenta este impulso com o da economia e da política, recuperando as dimensões rituais e a gramática de nossos povos originários, mas sem assumir nenhum essencialismo étnico excludente. A multiplicidade, longe de ser um obstáculo para seu desenvolvimento, é sua condição de existência: também é Cultura Viva Comunitária a que alimenta as redes colaborativas virtuais que hoje disputam a autonomia criativa das multidões através do software livre o das culturas em rede.

A Cultura Viva Comunitária ressignifica ideias como a da democracia participativa e a economia social configurando um conjunto de afirmações capazes de revisar o que podemos sonhar no plano da educação, da ciência ou da recreação, assumindo, por exemplo, o que chamamos de “festa” ou “feira” como dispositivos na produção de conhecimento e riqueza. A Cultura Viva Comunitária é, acreditamos, a única com capacidade de opor um destino à oferta do narcotráfico aos nossos jovens nos bairros suburbanos, ou de resistir no continuo embate dos empreendimentos econômicos baseados no saqueio dos bens comuns e o desastre ambiental. São suas expressões em bairros e povoados as que enfrentam os projetos de megamineração ou desmatamento no continente, e as que lutam por sustentar a identidade de comunidades inteiras condenadas ao desaparecimento pelas leis do mercado. As Culturas Vivas Comunitárias talvez tenham algo fundamental a dizer no debate por um futuro possível para as gerações que vêm.

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Artes do mistério

Muitas são as interrogações abertas nestas primeiras décadas do século XXI sobre o devenir político e social em nosso continente e no mundo. Mas desde a foto de Aylan Kurdi, o menino sírio morto na praia da Turquia, até o patético giro da revolta do povo grego, passando pelo massacre de Ayotzinapa, que já completa um ano, a pergunta que corre o mundo é de onde surgirá uma força capaz de colocar um limite ao desenvolvimento capitalista suicida no planeta, se é possível que isso efetivamente aconteça. Não é pouco o que está jogo, e impressionam os gestos públicos e teatrais das grandes estruturas de poder no mundo a respeito desta crise.

Neste contexto, marcado por discursos institucionais empolados e silenciosos, processos de morte desdobrando-se mais e mais a cada dia, a aparição do enclave narrativo que chamamos Cultura Viva Comunitária pode, talvez, configurar um ponto do qual tomarmos para desatar processos sanadores e de futuro. A Cultura Viva Comunitária não apenas como eixo de estruturação da política, da economia, da produção de conhecimento e do desenvolvimento em cada lugar, e sim como a ética e a estética que possa convocar o coletivo humano (esse povo dos povos) a recuperar um destino consciente no planeta. Para isso, entendemos que o Movimento das Culturas Vivas Comunitárias na América Latina, ainda que longe de sectarismos endogâmicos, deve lutar por apartar as permanentes tentativas de reenviar nossa potência aos canais da “representação” e trabalhar, sim, na “apresentação” desta força numa progressão de visibilidade e construção.

Dessa forma, a enorme iniciativa de criar registros públicos e mapeamentos dinâmicos e acessíveis das experiencias existentes, assim como a multiplicação dos Congressos Nacionais de Cultura Viva Comunitária e o impulso de processos de articulação locais, regionais e continentais com outros movimentos sociais (ambientais, sindicais, de bairro, pela terra, etc) aparecem como uma tarefa primordial. Talvez, enfrentando a força do capital, um novo paradigma civilizatório esteja começando a surgir entre as tensões de uma relação distinta entre o público, o comunitário e o estatal. Se é assim, não temos dúvidas de que a Cultura Viva Comunitária pode ser o nome de um desafio esperançoso, um conceito e uma prática eficazes na recuperação de nossa potência.

Argentina-Eduardo-Balán-150x150Eduardo Balán é artista, educador e comunicador popular. É coordenador geral do grupo cultural El Culebrón Timbal (www.culebrontimbal.com.ar) e líder do coletivo Pueblo Hace Cultura (www.pueblohacecultura.org.ar)

 

* Fonte: Este artigo é parte do livro Cultura Viva Comunitaria: Convivencia para el bien común (lançado durante o 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em San Salvador, em outubro de 2015. Compilação e edição: Jorge Melguizo)

02

nov
2015

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Programa amplia recursos e prazos do Edital de Intercâmbio

Em 02, nov 2015 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

arte-edital-cortadoFoi ampliado de US$ 20 mil para US$ 70 mil o montante referente às categorias 1 e 3 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio. Serão destinados US$ 35 mil a cada uma das categorias (US$ 5 mil para os sete primeiros colocados). O prazo de inscrições também ficou maior: termina no dia 1º de dezembro.

O edital tem como objetivo promover e fortalecer o intercâmbio entre agentes culturais ibero-americanos por meio da criação de redes (categoria 1) e de produtos feitos em conjunto por organizações da sociedade civil de dois ou mais países (categoria 3).

Podem participar entidades legalmente constituídas ou coletivos reconhecidos nacionalmente pelo desenvolvimento de atividades ou processos culturais nos 10 países membros do programa: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai.

Os formulários de inscrição estão disponíveis no site da Organização dos Estados Ibero-americanos (www.oei.org.br) e devem ser enviados via correio eletrônico para o email edital.iberculturaviva@gmail.com.

Seleção

Os candidatos podem fazer uma única inscrição por categoria. Os projetos apresentados nas categorias 1 e 3 devem contemplar alguns objetivos, como a valorização da diversidade cultural e da educação, a promoção da participação social como um direito cidadão, a defesa dos direitos humanos, a geração de oportunidades para o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, e a integração entre países.

A etapa de habilitação dos projetos será de responsabilidade da Unidade Técnica do IberCultura Viva e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI). A etapa seguinte, de julgamento, ficará a cargo do Comité Intergovernamental e do Comitê Técnico do programa. Os recursos para a premiação vêm do fundo comum dos países membros do IberCultura Viva, administrado pelo escritório da OEI em Brasília.

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Perguntas frequentes

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01

nov
2015

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Congresso chega ao fim com celebração afetuosa e um novo ponto de encontro: Equador

Em 01, nov 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

É feita de afeto a rede de coletivos e entidades culturais que vem se armando há uma década na América Latina em torno da economia solidária, da democracia participativa e do bem viver. Não à toa, uma das imagens que ficam do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária é a da plenária final, com todos juntos no gramado na Concha Acústica da Universidade de El Salvador, sorridentes, comemorando o encontro e convocando para o próximo. O terceiro congresso da “cultura da alegria e da amorosidade” será no Equador, em 2017.

Além do anúncio do local do próximo congresso, a plenária realizada na manhã de sábado (31/10), último dia do evento em San Salvador, serviu para informar prioridades, tarefas e eixos de trabalho do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária para o biênio 2015-2017.

IMG_4824-460x310O argentino Eduardo Balán abriu a plenária lembrando os anos de desenvolvimento do movimento de Cultura Viva Comunitária, o esforço de transformá-lo num projeto continental (com a realização do primeiro congresso, na Bolívia, em maio de 2013, “um acontecimento épico maravilhoso”), a ideia de criar um conselho latino-americano.

“Vimos que não se tratava apenas de fazer um congresso de dois em dois anos, e sim que deveria haver uma equipe latino-americana que todos os dias fosse apoiando, sistematizando e comunicando as diferentes lutas em todos os países, e em alguns casos protegendo”, comentou Balán, citando o assassinato do companheiro Victor Leiva, em 2011. Conhecido como El Mono, por suas habilidades acrobáticas, Leiva era um dos fundadores do coletivo Caja Lúdica. Morreu na Guatemala, baleado, “vítima das facções que geram violência em toda América Central”.

Grupos de trabalho

Ao enfatizar que não se trata de um órgão representantivo nos termos clássicos (afinal, Cultura Viva Comunitária não é um fenômeno “representável” nos moldes tradicionais, com presidente, secretário), Balán se referiu ao Conselho Latino-americano como “uma equipe que trata de ajudar a alentar, visibilizar e empoderar tudo que vai acontecendo nos territórios”.

Para ter um “mínimo esquema organizativo”, o conselho definiu cinco grandes áreas de trabalho: a) legislação e políticas públicas; b) economia social; c) desenvolvimento territorial; d) formação; e) comunicação. Esses cinco temas foram escritos em cartazes afixados ao lado do palco da Concha Acústica. Todos os que ali estivessem e quisessem entrar nos grupos de trabalho deveriam anotar seus e-mails para participar das discussões. Vários brasileiros entraram nos grupos.

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Leandro Anton convidou o Conselho Latino-americano de CVC para a próxima Teia, em Salvador, em maio de 2016. Foto: Mario Alberto Siniawski

Criado durante o 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, na Bolívia, o conselho se reuniu em Buenos Aires em 2013, e em São Paulo, em novembro de 2014. Agora, foi a vez de San Salvador. A próxima reunião deve ser em Salvador (Bahia), durante a Teia, o grande encontro de Pontos de Cultura, em maio de 2016. O convite foi feito durante a plenária por Leandro Anton, do Quilombo do Sopapo (RS).

Alexandre Santini, diretor da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, também aproveitou o encontro para reforçar a proposta da criação de uma instância de participação da sociedade civil no programa IberCultura Viva, discutida dois dias antes na reunião do Comitê Intergovernamental.

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Alexandre Santini (à esquerda, na foto com Eduardo Balán) leu um trecho da ata da reunião do Comitê Intergovernamental. Foto: Mario Alberto Siniawski

Avaliação

A peruana Lula Martinez Cornejo leu a primeira parte do documento elaborado pelo grupo durante o congresso, com vistas à continuação das reflexões ali iniciadas, para que o conselho siga com o papel de articulador e facilitador dos processos de Cultura Viva Comunitária no continente.

Lula falou das prioridades e dos eixos de trabalho para 2015-2017, das avaliações sobre o funcionamento das comissões e, principalmente, da preocupação de o conselho recuperar sua natureza de “núcleo dinamizador” no que diz respeito ao fluxo de informação, às articulações, aos encontros, às incidências políticas.

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Lula Martinez apresentou os eixos de trabalho do Conselho Latino-americano para 2015-2017. Foto: Mario Alberto Siniawski

“O Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária vem tendo uma importância simbólica chave, sobretudo nos processos de negociação com atores mais poderosos, do Estado, dos governos”, afirmou a ex-vereadora, autora da Lei Cultura Viva de Lima. “E as metodologias têm privilegiado a articulação, a produção do consenso, o que não seria possível se não estivéssemos cuidando também da irmandade, da escuta, da administração das complexidades que vêm surgindo nos distintos processos de construção em vários países.”

Comunicação, formação e sistematização são as três ações centrais para o conselho. E entre as prioridades está a constituição de espaços de intercâmbio, celebração, aprendizagem e organização em cada um dos países. Daí a importância dos congressos nacionais de CVC, dos festivais locais, das caravanas. Nas palavras de Lula: “Que avancemos em uma demonstração crescente de nosso movimento, num processo de empoderamento de todas as redes, de todos os atores”.

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…E todos correram para fazer a foto final

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30

out
2015

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Dois dias de trabalho para o Comitê Intergovernamental em El Salvador

Em 30, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

O Comitê Intergovernamental do IberCultura Viva se reuniu duas vezes durante o 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em San Salvador. Participaram da mesa representantes do Brasil, da Costa Rica, de El Salvador, da Espanha e do Paraguai. As duas sessões foram na Sala de Imprensa da Secretaria de Cultura da Presidência, nos dias 27 e 29 de outubro.

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A primeira sessão da reunião foi antes da abertura oficial do congresso, no dia 27 (Fotos: Secretaria de Cultura)

Foram discutidos temas como a criação de uma instância de participação da sociedade civil no âmbito do programa; a ampliação dos recursos do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, nas categorias 1 e 3 (passando de US$ 20 mil a US$ 70 mil); e a realização de uma convocatória para apoiar a participação de representantes de organizações e coletivos culturais ibero-americanos no encontro Emergências, que será realizado em dezembro no Rio de Janeiro

Também se reforçou a necessidade de oferecer um sistema de mapeamento e base de dados em âmbito regional e um mecanismo de reconhecimento institucional para as entidades e coletivos de cultura de base comunitária na Ibero-América. A presidente do programa e secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Ivana Bentes, fez uma apresentação da plataforma da Rede Cultura Viva, criada em código aberto e lançada em 5 de outubro em Brasília.

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O secretário Ramón Rivas e a ministra Sylvie Duran (na cabeceira da mesa) participaram do primeiro dia de trabalho

Além de Ivana, participaram da mesa, entre outros, o diretor da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Alexandre Santini; a diretora de Cultura do Ministério da Cultura e Juventude de Costa Rica, Fresia Camacho; a diretora geral de Diversidade e Processos Culturais do Paraguai, Zulma Masi; o diretor nacional das Casas de Cultura para o Desenvolvimento da Convivência e do Bem Viver de El Salvador, César Pineda; e o diretor do Centro Cultural de Espanha em El Salvador, Fernando Fajardo. A ministra da Cultura e da Juventude da Costa Rica, Sylvie Duran, e o secretário de Cultura da Presidência de El Salvador, Ramón Rivas, também estavam presentes no primeiro dia de trabalho.

Esta foi a terceira reunião presencial do Comitê Intergovernamental. A primeira foi no Instituto Câmara Cascudo, em Natal (RN), em 20 de maio de 2014, durante a Teia Nacional da Diversidade. A segunda ocorreu em Santiago (Chile), em junho de 2015. O próximo encontro ficou marcado para junho de 2016, em local a ser definido pelos membros do comitê.

Leia também:

Comitê Intergovernamental discute participação da sociedade civil no programa

30

out
2015

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Comitê Intergovernamental discute participação da sociedade civil no programa

Em 30, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

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O Comitê Intergovernamental e os representantes das redes de cultura viva ao final da reunião no Auditório de Economia. Foto: André Fernandes

A participação da sociedade civil no âmbito do programa IberCultura Viva foi o principal tema do segundo dia de reunião do Comitê Intergovernamental, nesta quinta-feira (29), durante o II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em San Salvador (El Salvador). Representantes do Brasil, Costa Rica, El Salvador, Espanha e Paraguai discutiram durante a manhã a criação de uma instância que funcione como um espaço de diálogo com a sociedade civil.

Foi proposto o estabelecimento de um grupo de trabalho intersetorial, com a participação de representantes do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, do programa IberCultura Viva, de governos municipais e estaduais, além de parlamentares. Esse grupo deve garantir o equilíbrio de representação das diferentes regiões da Ibero-América e da diversidade de condições, levando em conta gênero, etnia, faixa etária. Aos países que ainda não estão tão próximos do processo, foi sugerida a realização de ações que levem ao conhecimento do programa, em parceria com instituições afins.

Tal grupo de trabalho se dedicará ao avanço de políticas de cultura de base comunitária não apenas nos países membros do programa, e sim em toda a região, buscando a articulação com outros programas e foros de cooperacão ibero-americanos. A ideia é promover ao menos uma reunião anual, contando inicialmente com cinco representantes da sociedade civil.

Encontro com as redes

À noite, a proposta foi levada ao Auditório de Economia da Universidade de El Salvador, onde o Comitê Intergovernamental se encontrou com o Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, a rede centro-americana Maraca, os ganhadores da categoria 2 do Edital de Intercâmbio e boa parte da delegação brasileira.

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Fresia, Santini e Pineda conduziram a conversa com as redes. Foto: Mario Alberto Siniawski

Em tom informal, a conversa foi conduzida por três membros do Comitê Intergovernamental que vieram dos movimentos de Cultura Viva Comunitária de seus países: Fresia Camacho (Costa Rica), Alexandre Santini (Brasil) e César Pineda (El Salvador). “Isso é algo bastante singular e significativo”, observou Santini, diretor da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC. “Não estamos tratando de ‘funcionários’, e sim de companheiros que nos conhecemos há tempos e viemos neste caminho, nesta construção, juntos com os que aqui estão.”

Lembrando que a existência do programa IberCultura Viva é uma consequência do movimento da sociedade civil, Santini e Fresia ressaltaram a importância dos dois encontros anteriores nesta construção: o 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em La Paz (Bolívia), em 2013, e o 6º Congresso Ibero-americano de Cultura, que teve como tema as culturas vivas comunitárias, em San José (Costa Rica), em 2014.

“IberCultura Viva nasce do protagonismo, da participação. Não faz sentido um programa como este sem uma instância de articulação orgânica com a sociedade civil no processo de construção”, afirmou o diretor da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC.

A recepção foi bastante positiva. Foram vários os comentários e sugestões, vindos de gente da Bolívia, da Costa Rica, do Brasil, da Argentina, da Guatemala… O boliviano Ivan Nogales destacou que o mais importante não é o fundo, e sim o que está em jogo. “O forte está no potencial da mesa de participação, da corresponsabilidade”, disse. A costarriquenha Carolina Picado Pomarth enfatizou a necessidade de fortalecimento de redes locais, da articulação local para o diálogo com outras instâncias. O brasileiro Aderbal Ashogun sugeriu a inclusão de políticas específicas para os povos originários e de periferia “que evidenciem as resistências contemporâneas”.

Delegação brasileira

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Santini conversando com a delegação brasileira no jardim da universidade

Antes do encontro no Auditório de Economia, à tarde, Alexandre Santini esteve reunido com a delegação brasileira na Universidade de El Salvador, numa roda no jardim, onde todos se apresentaram e contaram um pouco de seus trabalhos. Ele adiantou um pouco da conversa que teria mais tarde com as redes sobre o IberCultura Viva e apresentou a proposta do Comitê Intergovernamental para a participação da sociedade civil no programa.

“Se hoje existe uma instância intergovernamental de Cultura Viva é porque a sociedade civil está há anos se organizando na América Latina para criar um repertório comum”, ressaltou. “IberCultura Viva é um programa para pensar a relação entre essas politicas, como um país pode orientar o outro, inspirar na formulação de políticas, na criação de campanhas comuns, seja por orçamento, por leis nacionais (…) É preciso pensar numa outra dimensão, que é a da mobilidade, da circulação e da articulação dessas iniciativas.”

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29

out
2015

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Por um orçamento justo e uma Lei Nacional de Cultura

Em 29, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

O terceiro dia do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária começou com a marcha dos coletivos salvadorenhos. Cerca de 1.000 pessoas, a maioria representantes das Casas da Cultura, saíram da Universidade de El Salvador rumo à Assembleia Legislativa, na manhã desta quinta-feira (29/11), pedindo um orçamento justo e a aprovação de uma Lei Nacional de Cultura.

A mobilização para que se destine às organizações comunitárias 0,1% do orçamento nacional é uma das apostas políticas mais importantes do movimento de Cultura Viva que vem ganhando o continente. A campanha foi aprovada no 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em La Paz (Bolívia), em maio de 2013.

Tendo em conta que a Unesco recomenda a todos os países membros que destinem à cultura pelo menos 1% do orçamento nacional, as redes latino-americanas de Cultura Viva consideram que no mínimo 0,1% desse montante deve ser reservado às atividades das organizações comunitárias.

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Pela necessidade de uma política de Estado

Em artigo incluído no livro Cultura Viva Comunitaria: Convivência para o bem comum, lançado durante o congresso em El Salvador, Marlen Argueta e Alan Barrera citam as razões pelas quais a Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária defende a intervenção do Estado para que 1% do orçamento nacional vá para a Cultura, e 0,1% para a Cultura Viva Comunitária. São quatro:

presupuesto-bambole-460x3101) “A cultura é indicador da importância que o Estado dá a sua população como força livre, criativa e protagonista de sua história. Em uma sociedade como a salvadorenha, em que prevalecem outras urgências e necessidades, a criatividade do povo e os espaços livres da cultura não se reproduzem de maneira automática. É necessário que sejam estimulados.

2) Deve-se cumprir o preceito constitucional que, em seu Art. 1º, estabelece que é obrigação do Estado assegurar aos habitantes da República o gozo da cultura, e de seu Art, 53, que estabelece que a cultura é inerente ao ser humano e, portanto, o Estado a tem como obrigação e finalidade primordial. Daí a intervenção pública. Não tanto para que o Estado assuma a Cultura Viva Comunitária, e sim para que proporcione os espaços e as ferramentas que permitam aos cidadãos se converterem em agentes culturais plenos, em um processo de diálogo e intercâmbio permanente.

3) Acreditamos que a Cultura Viva Comunitária é a única possibilidade real para resistir às  pandillas (gangues, facções) que acossam nossos jovens nos bairros e de oferecer outros horizontes de vida.

4) Apelamos à ideia de que o que é público exercemos todos e todas, e que nesse sentido, também somos protagonistas das grandes decisões deste país.”

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Leia também:

Cultura Viva Comunitaria en El Salvador – Riqueza en desarrollo, por Marlen Argueta e Alan Barrera

Una ley de cultura para enriquecer la identidad y el desarrollo humano de los salvadoreños

¿Por qué una ley de cultura?

 

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29

out
2015

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Visitas às comunidades marcam o segundo dia do Congresso de El Salvador

Em 29, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Zulma Masi

San Miguel, Jiquilisco, Sonsonate, Chalatenango, San Vicente, Cacaopera e Segundo Montes foram alguns dos povoados/municípios de El Salvador visitados pelos participantes do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária ao longo desta quarta-feira (28).

Nove circuitos foram organizados para que os congressistas conhecessem a realidade das comunidades salvadorenhas e o trabalho que vem sendo desenvolvido pelas Casas da Cultura Viva Comunitária. Os integrantes do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva fizeram a “rota da memória histórica”: Jiquilisco, San Miguel e El Mozote.

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La chanchona de Los Tabales de Ereguayquín se apresentou na Casa da Cultura de Jiquilisco

A primeira parada, na cidade de Jiquilisco, foi ao som das mañanitas de la chanchona de Los Tabales de Eriguayquín. O grupo também havia se apresentado um dia antes em San Salvador, colocando boa parte da plateia para dançar no palco do Teatro Nacional, na abertura oficial do congresso. Comidas típicas, como “corazas”, “totopostes” e “honradas”, foram servidas na Casa da Cultura Vila Comunitária, uma das 155 Casas da Cultura do país, reinaugurada há dois meses.

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O grupo Chapeltique, de San Miguel

Na segunda cidade, San Miguel, a visita começou pelo Teatro Luis Poma, que estava em ruínas e vem sendo restaurado há cinco anos. Em seguida, na praça central, apresentaram-se uma banda de meninas (a Lolotique, hoje Ponto de Cultura) e um grupo de dança folclórica. Atores de um grupo de teatro local, o Chapeltique, também fizeram uma performance no coreto da praça, vestidos e pintados de branco, como estátuas.

O circuito terminou no Sítio Histórico de El Mozote, onde houve um dos maiores massacres contra civis da história recente da América Latina. Em 11 dezembro de 1981, durante a guerra civil salvadorenha, cerca de mil pessoas foram assassinadas ali. Homens, mulheres, crianças.

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Dorila Márquez, uma das sobreviventes do massacre de 1981

Sobreviventes como María Dorila Márquez, que perdeu os pais, a irmã grávida, os sobrinhos e a maior parte da família do marido, lutam até hoje por justiça. “Sabemos quem foi. Há depoimentos de soldados que contam com detalhes o que fizeram com as crianças. E nunca ninguém pagou por isso”, contou Dorila, hoje presidenta da Associação Promotora dos Direitos Humanos de El Mozote.

Dezenas de congressistas homenagearam as vítimas do massacre de El Mozote entregando rosas e acendendo velas no memorial onde estão os nomes (e os restos mortais) de muitos deles.

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28

out
2015

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Cerimônia no Teatro Nacional dá início ao 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em El Salvador

Em 28, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

Foto: Abraham Vargas

Delegações da América Latina e do Caribe lotaram o Teatro Nacional de El Salvador para assistir às apresentações do Ballet Folclórico Nacional, do Coro Presidencial e do grupo Los Tabales de Ereguayquin, na abertura oficial do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, na noite desta terça-feira (27/10), em San Salvador.

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O Ballet Folclórico Nacional. Foto: Abraham Vargas

Antes das apresentações, subiram ao palco o secretário de Cultura da Presidência de El Salvador, Ramón Rivas, e a presidente da Assembleia Legislativa, Lorena Peña, que também é secretária de Arte e Cultura do FMLN, partido do presidente eleito em 2014, Salvador Sánchez Cerén.

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O secretário de Cultura, Ramón Rivas. Foto: Abraham Vargas

Ramón Rivas lembrou que o encontro — organizado pela sociedade civil, com o apoio do governo — parte da perspectiva de que há um espaço comum aos latino-americanos e que é preciso “nos conhecermos e reconhecermos”. “Esta é uma festa de intercâmbio internacional que ajudará a sentar as bases para unificar os esforços políticos e sociais em torno de uma cultura mais integradora, solidária e inclusiva, que tanto necessitamos em nosso continente”, afirmou o secretário.

Lorena Peña, por sua vez, falou do projeto de “desenvolvimento humano com justiça social” que o governo de Sánchez Cerén pretende levar adiante, da importância das políticas públicas no que diz respeito à cultura, do empoderamento, da confiança nas próprias capacidades.

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A presidenta da Assembleia Legislativa, Lorena Peña. Foto: Abraham Vargas

“El Salvador ainda está nas fraldas no que se refere aos processos de Cultura Viva Comunitária. Temos grandes expectativas de aprender com vocês, com suas experiências criativas e organizativas”, ressaltou Lorena. “É preciso provocar uma mudança de mentalidade, ressignificar a história, dar um novo sentido ao futuro de El Salvador. Para isso, os processos de Cultura Viva Comunitária são fundamentais.

Depois do Ballet Folclórico Nacional, foi a vez de Marlen Argueta e Iván Nogales falarem da importância do movimento que vem ganhando a América Latina nos últimos dez anos. Ela, referindo-se à Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária, organizadora do congresso. Ele, ao Teatro Trono e à Comunidade de Produtores em Artes (Compa), que vêm construindo uma nova história na Bolívia, sede do primeiro Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

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Marlen Argueta, Iván Nogales e Julio Monge. Foto: Mario Alberto Siniawski

Ao final, quando Los Tabales de Ereguayquín passaram o chapéu para a plateia, chamando o público para o baile, faltou lugar no palco para tanta gente. Quase todo mundo quis subir lá para dançar com os salvadorenhos. “Yo soy un pobre negrito/ que vengo de nicho en nicho,/ vengo a celebrar la pascua/ a mi padre San Benito”…

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Los Tabales de Ereguayquín. Foto: Abraham Vargas

 

Antes do espetáculo, a festa começava do lado de fora do Teatro Nacional…
(Fotos: Abraham Vargas)

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